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Julio Gomes

Real Madrid mantém chances de ser primeiro. Mas será que vale?

Julio Gomes

22/11/2016 20h11

Real Madrid e Borussia Dortmund fizeram o básico nesta noite de terça-feira na Champions League: ganharam. O Real fez 2 a 1 no Sporting, em Lisboa, apesar de nova atuação fraca na Europa. E o Borussia fez 8 a 4 (oi-to-a-qua-tro) no Legia. Os dois agendaram uma disputa direta pela primeira colocação no grupo F, daqui a duas semanas, em Madri.

Ambos estão classificados. O Borussia, com 13 pontos, precisa só de um empate no Bernabéu contra o Real, que tem 11. Ao time de Madri, uma vitória simples basta para ser primeiro. Mas será que vale à pena para o Real Madrid ganhar o grupo?

Ao longo dos anos, muitas vezes vimos times grandes da Europa pagarem o preço por subestimarem a importância de ser primeiro na fase de grupos. Os primeiros colocados cruzam com os segundos nas oitavas de final, ano que vem, e decidem a segunda partida em casa. Times do mesmo país não podem se enfrentar, então o sorteio das oitavas é dirigido.

Na atual edição da Champions, temos cinco grupos com dois claros favoritos a ficarem com as vagas – e, aparentemente, todos passarão sem problemas. E três grupos sem qualquer bicho papão, com times fora da lista de favoritos ao título.

Se o Real Madrid ficar em segundo no grupo, o "risco" seria enfrentar uma espécie de "final fora de hora" contra o primeiro colocado de um dos outros quatro grupos, digamos, mais fortes. No entanto, destes quatro grupos tudo indica que em dois deles um time espanhol ficará em primeiro lugar (Barcelona e Atlético de Madri).

De pedreira para o Real, sobraria um confronto contra a Juventus ou contra o vencedor do grupo que tem Arsenal e PSG (estão empatados em pontos e se enfrentam nesta quarta, em Londres).

A chance seria de 40% de enfrentar Juve ou Arsenal ou PSG nas oitavas. Os outros possíveis rivais seriam o Monaco (já ganhou grupo E), o Leicester (já ganhou grupo G) e o primeiro colocado no grupo ponteado por Benfica e Napoli. Convenhamos, difícil imaginar que um desses quatro traga problemas para o Real Madrid nas oitavas.

Já se for primeiro colocado de sua chave, o Real Madrid aumentaria as possibilidades de enfrentar uma pedreira de verdade. Bayern de Munique e Manchester City, que devem ficar atrás de Atlético e Barça em suas chaves, poderiam ser rivais nas oitavas, além, claro, do segundo colocado entre Arsenal e PSG. Seriam três rivais duríssimos entre seis possíveis (os outros três possíveis rivais seriam Porto, Bayer Leverkusen e Napoli/Benfica/Besiktas).

Já o Borussia Dortmund, se for primeiro no grupo, não poderia pegar nas oitavas nem Real nem Bayern nem Bayer. Sobraria o City como pedreira e outros rivais menos complicados. Já se for segundo, o Dortmund poderia ser emparelhado com Barcelona, Atlético, Juventus, enfim, todos os primeiros colocados fortes (pois nenhum será alemão).

Para o Dortmund, é muito mais importante ser primeiro do grupo do que para o líder do Campeonato Espanhol.

É difícil imaginar um Real Madrid entrando em campo contra o Borussia para não ganhar. No DNA do Real Madrid, na história do clube, está a vitória – e não jogar com o regulamento embaixo do braço, como fazem frequentemente os clubes italianos.

Por outro lado, o duelo será realizado quatro dias depois do clássico contra o Barcelona, um jogo sempre muito desgastante física e psicologicamente. Além de todos os desfalques ao longo da temporada, Bale e Marcelo saíram de campo com problemas. Jogar com o freio de mão puxado é um cenário difícil de imaginar. Mas será que Zidane não irá resolver poupar algumas peças chave do elenco?

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Outros grupos

O grande jogo da terça-feira foi Sevilla 1 x 3 Juventus. O Sevilla abriu o placar e dominava a partida quando teve Vázquez expulso aos 35min de jogo. O árbitro inglês Mark Clattenburg acertou na expulsão, mas mudou o destino do jogo marcando um pênalti ridículo para a Juve no finalzinho do primeiro tempo. Aquele empurra-empurra na área, falta que, na minha visão, não pode ser marcada.

No segundo tempo, com um a mais, a Juventus foi pouco a pouco tomando conta do jogo contra um Sevilla com a cabeça em pressionar a arbitragem para arrumar uma compensação. Sampaoli foi expulso e levou as mãos à cabeça quando Bonucci, com um golaço, decretou a virada. Mandzukic fechou o placar.

Árbitro à parte, vitória enorme da Juve, sem Higuaín e Dybala. Com 11 pontos, a Juve está classificada e será primeira no grupo, pois pega o fraco Dinamo Zagreb em casa na última rodada.

O Sevilla agora joga a classificação contra o Lyon, fora de casa, podendo empatar ou até perder por um gol de diferença. O Lyon só se classifica se vencer por dois ou mais gols de diferença.

O grupo E já está definido. O Monaco, que vive grande temporada, fez 2 a 1 no Tottenham, chegou aos 11 pontos e já ganhou o grupo. O Tottenham, uma das decepções da fase de grupos, está eliminado precocemente. O Bayer Leverkusen já se garantiu em segundo lugar, pois tem três pontos de vantagem para o time inglês e a vantagem no confronto direto.

Se o Tottenham decepcionou, o Leicester venceu o Brugge por 2 a 1 e transferiu seu conto de fadas para a Champions League. Com 13 pontos, já garantiu a primeira posição no grupo F.

Na Premier League, o Leicester fez até agora 12 pontos em 12 jogos. Um ponto a menos do que na Champions em cinco rodadas.

O Porto empatou sem gols em Copenhague e chegou aos oito pontos contra seis dos dinamarqueses. O Porto se classifica caso vença o Leicester, em casa, na última rodada. Se tropeçar, no entanto, o Porto terá de torcer para o Copenhagen não ganhar do Brugge na Bélgica – o Brugge perdeu cinco de cinco, no entanto.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.