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Julio Gomes

Brasil de Tite é, no momento, a melhor seleção do mundo

Julio Gomes

16/11/2016 02h17

Como o futebol é dinâmico, não? Quem imaginaria, seis meses atrás, que eu estaria falando que a seleção brasileira é a melhor do mundo? Ou pelo menos que "está" a melhor do mundo.

Depois dos 7 a 1, de Dunga, dos jogos com o Haiti, Peru, as Copas Américas… A seleção brasileira vivia a maior depressão de sua história. E, de repente, tudo mudou com a chegada de Tite. Que deveria estar lá, no mínimo, no mínimo, desde 2014.

O melhor técnico do Brasil, atualizado, moderno, que domina todas as facetas da profissão. Tática, física, análise dos adversários, comportamento, alterações ao longo do jogo. Tite é bom em tudo. E faz um trabalho incrível em tão pouco tempo – ele não quer os louros e destaque o trabalho coletivo. Sem dúvida, é um trabalho coletivo. Mas liderado por você mesmo, Tite.

A seleção brasileira é recheada de grandes jogadores em todos os setores, ainda que tenha rolado o papinho de "geração ruim". Não necessariamente melhores do mundo em suas posições, mas suficientemente bons. Bastou que se parasse de olhar para o indivíduo e que começasse a ser priorizado o coletivo, que é o que o esporte é. E tudo mudou.

A seleção do Brasil não É a melhor do mundo, mas ESTÁ.

Nenhuma seleção europeia mostra, hoje, o futebol que o Brasil mostrou nos últimos meses com Tite (e não mostrou tal futebol em amistosos patéticos mas, sim, em jogos de alta competitividade. Contra Argentina, Colômbia, na altitude do Equador, enfim).

Alemanha e Espanha, as mais fortes das últimas competições, vivem transição. Testam novos jogadores, buscam opções. Serão fortes na Copa-2018, sem dúvida. Mas, hoje, não mostram a bola que o Brasil mostra. E vimos isso na Eurocopa. A França, que parecia a melhor da Europa no meio do ano, tampouco empolga nas eliminatórias. Sofre. Assim como Itália e Inglaterra. A Bélgica sofre por falta de competitividade nos jogos grandes.

Chile e Portugal, os campeões de meio de ano, não têm essa bola toda. A Argentina, melhor seleção sul-americana dos últimos anos, caiu. Por Bauza, pela defesa ruim, por problemas extra-campo, pela solidão de Messi, crise jogadores-imprensa, enfim.

Com 27 pontos, o Brasil está a um ponto (em seis jogos) da Copa da Rússia. E pensar que correria sério risco se Dunga continuasse. É incrível como, com trabalho bem feito e resultados aparecendo, a tranquilidade transforma a seleção brasileira em um timaço. Basta ver a finalização de Gabriel Jesus no primeiro gol contra o Peru. Sem medo de errar, basta aos jogadores fazer o que sabem muito bem fazer desde crianças.

gabrieljesus_peru

Se a Copa começasse amanhã, o Brasil seria o favorito, sim senhor. Hoje, nenhum time joga mais bola ou está mais azeitado.

Outra coisa é o que acontecerá daqui a um ano e meio. Assim como em seis meses tudo mudou para o Brasil, em pouco tempo tudo pode mudar para todo mundo. Faltam muitos testes ainda, muitas situações. Mas o caminho está claramente certo.

Não é euforia gratuita. É apenas constatação de momento. MO-MEN-TO.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.