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Julio Gomes

Real leva 3 na Polônia; defesa de Zidane segue sendo uma peneira

Julio Gomes

02/11/2016 19h50

No Real Madrid, qualquer pequena sequência de tropeços vira uma crise – ou um início de crise. Não importa se quase bateu recorde de vitórias seguidas na Espanha, se ganhou a última Champions. É daqueles clubes gigantes em que cada semana é uma semana.

Nos últimos anos do Zidane jogador, o Real era conhecido na Europa por ser um clube cheio de estrelas, mas sem carregadores de piano, sem jogadores dispostos a sacrifícios. Assim, tomava muitos gols, perdia jogos surpreendentes, não chegava mais às fases agudas na Europa. Isso só foi mudar em 2010, com a chegada de Mourinho.

Com Mourinho e Ancelotti no banco, o Real Madrid ganhou consistência defensiva, sistema tático – as coisas sempre funcionaram na frente e melhoraram atrás. Voltou a frequentar semifinais de Champions e beliscou a Décima, finalmente, em 2014. Com Zidane técnico e poucos meses de carreira, veio a segunda Champions em três anos.

Mas o que vemos na atual temporada é um Real Madrid voltando aos velhos problemas defensivos. Depois de uma vitória com drama e sorte na abertura da Champions (sobre o Sporting) e uma sequência de quatro empates em setembro, com uma minicrise se aproximando, o Real Madrid embalou e ganhou cinco seguidas em outubro, sendo quatro por goleada. Mas com um detalhe: tomou gols em todos esses jogos.

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Nesta quarta, nem todos os desfalques defensivos justificam que o Real Madrid sofra três gols do Legia Varsóvia, ainda mais com portões fechados na Polônia. O Real só não perdeu o jogo, após estar vencendo por 2 a 0 e sofrer virada, porque conseguiu empatar a cinco minutos do final.

É verdade que Pepe, Sergio Ramos, Marcelo, Casemiro, Modric estavam todos fora. Defesa e meio remendados. Mas… contra o Legia Varsóvia??!!

Somando todas as competições, o Real Madrid de Zidane sofreu gols nos últimos 10 jogos que disputou. São 14 gols sofridos no período – o último jogo sem tomar gols foi em 18 de setembro, 2 a 0 sobre o Espanyol. Na temporada, são 16 jogos oficiais, e o Madrid levou pelo menos um gol em 14 deles. É muito difícil ser campeão de qualquer coisa levando tantos gols – é o óbvio problema que o ainda novato Zidane precisa resolver.

Desde 2008 o Real Madrid não chega à última rodada da fase de grupos da Champions sem estar matematicamente classificado. E isso pode muito bem acontecer nesta temporada, após o tropeço inacreditável com o fraco time polonês.

O Borussia Dortmund lidera o grupo com 10 pontos, o Real tem 8, o Sporting tem 3, o Legia tem 1. Na próxima rodada, Sporting e Real se enfrentam em Lisboa. Uma vitória do Sporting deixa o grupo aberto, pois o Real pega o Borussia na última rodada. Na partida de estreia na Champions, o Real virou sobre o Sporting com dois gols depois dos 44 do segundo tempo.

Não vejo a classificação em si tão ameaçada, a diferença entre os times é grande e o Sporting tampouco vive um momento tão brilhante. Mas agora, com o tropeço na Polônia, o Real se vê obrigado a não só garantir a vaga, mas vencer em Lisboa. Se não ganhar o jogo, muito provavelmente chegará à última rodada sem chances matemáticas de tirar o Borussia da primeira posição do grupo.

Nas últimas seis Champions League, desde que o Real voltou a ser verdadeiramente competitivo no torneio, a única vez que ele não ficou em primeiro na fase de grupos foi em 2013 – justamente ficou atrás do Borussia Dortmund. Acabou tendo uma pedreira nas oitavas (Manchester United). Passou, mas seria eliminado pelo Dortmund nas semifinais.

Outros grupos

Mais um brasileiro teve destaque na Champions. Paulo Henrique Ganso, afinal, estreou como titular na competição, e o Sevilla passou o carro do Dínamo Zagreb: 4 a 0. O fato é que o Sevilla é forte demais em casa, e isso vem sendo assim há um bom tempo.

No outro jogo do grupo H, a Juventus bobeou e empatou com o Lyon por 1 a 1. Higuaín perdeu um daqueles gols estilo Higuaín quando o jogo estava 1 a 0.

Mas vejam como ficou o grupo: Sevilla com 10, Juventus com 8, Lyon com 4 e Zagreb com 0. Na próxima rodada, um jogão: Sevilla x Juventus. Mesmo que perca, a classificação da Juve não está ameaçada, pois recebe o fraco time croata em casa na última rodada. Mas o fato é que o Sevilla tem a faca e o queijo na mão para ser o primeiro colocado no grupo e jogar a Juve aos leões no sorteio de oitavas de final.

Um empate em Sevilla, no entanto, jogará para o time espanhol a responsabilidade de vencer em Lyon na última rodada para ser primeiro no grupo.

No grupo G, o Leicester perdeu os 100% ao empatar em Copenhague. Agora tem 10 pontos, contra 7 do Porto e 5 do campeão dinamarquês. Na próxima rodada tem Copenhague x Porto, na última tem Porto x Leicester.

Já outro inglês, o Tottenham, se complicou no grupo E ao perder em casa do Bayer Leverkusen. O grupo tem Monaco com 8, Bayer com 6, Tottenham com 4 e CSKA com 2. Se o Tottenham não vencer em Monaco na próxima rodada dificilmente conseguirá passar de fase.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.