Messi mostra que Guardiola ainda tem muito marketing pela frente
O Barcelona nem precisou jogar muita bola. Ainda perdeu dois jogadores do sistema defensivo no primeiro tempo – lesões de Alba e Piqué. Mesmo assim, construiu um placar elástico contra o Manchester City no Camp Nou, venceu por 4 a 0 e praticamente garantiu a primeira posição no grupo da Liga dos Campeões – o que representa um sorteio mais amigável nas oitavas de final.
Ao City, de Guardiola, resta garantir essa segunda posição e torcer para não pegar um gigantão na próxima fase.
Messi fez três gols e ainda levou um pênalti desperdiçado por Neymar. E o engraçado é que passou longe, mas muito longe, de ser um jogo daqueles inesquecíveis do camisa 10. Bastou a Messi aproveitar, estar no lugar certo, como sempre, e finalizar – bem como poucos fizeram na história.
Os gols do Barça saíram de erros do Manchester City em seu campo de defesa. O time de Pep Guardiola conseguiu impor seu estilo de jogo no Camp Nou em muitos momentos. Disputou a posse de bola, não deu chutão, ocupou o campo de defesa do adversário, criou chances. No primeiro tempo, quando perdia por 1 a 0, teve um pênalti claríssimo não marcado a seu favor. No segundo tempo, quando parecia perto do empate, teve o goleiro expulso.
O primeiro gol sai de um carrinho vencido por Mascherano, depois escorregão de Fernandinho. Ficou fácil para Messi. Aí Bravo, ironicamente contratado por "jogar bem com os pés", fez uma lambança daquelas. Deu um presente e depois evitou o gol de Suárez pondo a mão na bola fora da área. Com um a menos, o City errou duas saídas de bola que resultaram em gols de Messi. No final, Neymar selou a goleada.
Muito importante ressaltar que o goleiro alemão Ter Stegen fez algumas defesas enormes em momentos críticos do jogo.
Ainda que analisar por apenas uma atuação seja simplista, o futebol funciona assim. E o Barça enterra, pelo menos por enquanto, as críticas por ter escolhido Ter Stegen (e vendido Bravo ao City). Uma das noites mais felizes do alemão no gol do Barça coincidiu com a mais triste de Bravo no time de Manchester.
E aí vêm as críticas a Guardiola, o algoz de Hart, que bancou Bravo e que toma a segunda sacolada em sua segunda visita ao Camp Nou como rival.
Teve gente que teve coragem de dizer que Guardiola era "marketing". Perdoai-vos, senhor.
Guardiola é um gênio. Nem tanto pelos títulos, que são muitos, mas por conseguir fazer seus times jogarem o futebol que ele entenda que seja o melhor jeito de jogar. Poucos técnicos conseguem isso. Buscam o resultado, não o resultado através de um modo de ver e ser.
Nem todos os gênios são perfeitos. Guardiola, certamente, não é.
Talvez não seja bom negociador, como o próprio caso "Bravo-Hart" mostra. Talvez tenha dificuldades demais para sair de enrascadas, de se adaptar – como no próprio jogo desta quarta, depois de ficar com um a menos. Por que não mudar o estilo, se segurar com 1 a 0 contra e buscar o empate em algum lance fortuito?
Talvez pensar fora da caixa deixe Guardiola trancafiado dentro de um outro tipo de caixa. E pensar fora desta outra caixa é preciso.
O fato é que os gols de Messi e a goleada do Barcelona não mostram o que foi o jogo no Camp Nou. Mas mostram que o Manchester City precisa melhorar muito, amadurecer este novo jeito de jogar terá momentos que merecerão críticas.
São quatro partidas sem vitórias, quase um mês. E Guardiola precisará adaptar alguns de seus conceitos. Os erros de saída de bola do City são muitos, de vários jogadores e estão tendo consequências – que, talvez, não aparecessem nos tempos de Barça e Bayern contra rivais domésticos de nível bem menor.
Cabe agora a Guardiola encontrar as soluções. Fazer um pouco de marketing, enfim.
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