Topo

Julio Gomes

Portugal e França, finalistas da Euro, têm péssimo início rumo à Copa

Julio Gomes

06/09/2016 18h07

Os jogos da terça-feira encerraram a primeira rodada das eliminatórias europeias para a Copa do Mundo da Rússia, em 2018. Das chamadas "potências", Portugal e França, curiosamente as finalistas da última Euro, foram as que tiveram resultados preocupantes.

Não subestimemos o fato de ser apenas a primeira rodada. São 13 vagas para o Mundial, só passam de forma direta os vencedores dos nove grupos. Os segundos colocados terão de rebolar em uma repescagem com mata-mata no fim do ano que vem.

Portugal perdeu para a Suíça por 2 a 0, na Basileia. Este era um tropeço previsível até, como eu apontava no post do último domingo, fazendo uma análise geral das eliminatórias europeias.

Previsível, mas preocupante. É um grupo sem adversários capazes de desafiar suíços ou portugueses, e a vitória em casa é fundamental para deixar a Suíça em vantagem na busca pela vaga direta para a Copa.

Sem Cristiano Ronaldo, Portugal fez ótimos 20 minutos no primeiro tempo. Dominou completamente o jogo e parecia jogar em casa, até porque era forte a presença dos torcedores lusos nas arquibancadas – a Suíça é dos países europeus que mais recebeu imigrantes portugueses ao longo das últimas décadas. Apertou, teve chances e parecia carregar o momento após o título sonhado da Eurocopa, em junho.

Mas aí um erro besta de saída de bola, primeiro em um passe errado de Raphael Guerreiro, depois um de Nani, acabou em falta perigosa para a Suíça. No rebote da bola parada, saiu o primeiro gol, de Embolo. Portugal entrou em pane e levou o segundo gol logo depois, contra ataque e belo chute colocado de Mehmedi. Apesar de ter dominado o segundo tempo, faltou "punch" a Portugal, faltou Cristiano Ronaldo. O bom sistema defensivo suíço segurou as pontas sem muitos sustos.

suica_portugal_elim

Não foi um mau jogo de Portugal. Mas o resultado é péssimo, muito pior do que o futebol apresentando pelo time de Fernando Santos. O futebol é mesmo muito dinâmico. Em um dia, campeão pela primeira vez. No outro, contra a parede para ir ao Mundial.

Menos mal para Portugal que a Hungria, que talvez pudesse entrar nessa briga no grupo, ficou no 0 a 0 contra Ilhas Faroe. É mesmo um grupo de dois, que continua em outubro. Portugal recebe Andorra e vai às Ilhas Faroe com a obrigação de conseguir duas goleadas. E torce para a Suíça tropeçar contra Hungria, fora de casa, no único jogo complicado para os suíços nesse grupo.

Nas eliminatórias para a Euro-2016, Portugal começou perdendo em casa da Albânia e jogou o resto das partidas contra a parede. Sim, ganhou as sete. Mas duas delas, contra a Dinamarca e a própria Albânia, com gols nos acréscimos. Foi muito mais dramático do que a tabela indica.

O próximo confronto direto entre Portugal e Suíça só acontecerá na última rodada das eliminatórias, em 10 de outubro de 2017, e caberá aos campeões europeus chegar a este jogo dependendo de uma vitória simples para fugir da repescagem. Para isso, não há mais margem para erro.

Tropeço francês

A vice-campeã europeia empatou um desses jogos que não pode empatar. 0 a 0 com Belarus, fora de casa. Nos outros jogos do grupo A, empate por 1 a 1 entre Suécia e Holanda e vitória de 4 a 3 da Bulgária sobre Luxemburgo.

Este é um dos grupos complicados das eliminatórias. A Suécia, sem Ibrahimovic e com um time bem "medião", não deveria ameaçar França ou Holanda, que disputariam vaga direta. Mas é bom lembrar que a Holanda ficou fora da última Euro, acabando a eliminatória atrás de República Tcheca, Islândia e Turquia. O equilíbrio é total.

A Holanda é uma seleção renovada e com Danny Blind, um técnico sem currículo extenso, no comando. Para a Laranja, a rodada foi ótima. Empatou na Suécia e viu a França tropeçar. No dia 10 de outubro, as duas forças do grupo se enfrentam em Amsterdã. Se a Holanda ganhar, e considerando que a Suécia deve passar pela Bulgária, a França pode ficar precocemente (e surpreendentemente) contra as cordas nas eliminatórias.

Outras forças

No grupo H, o outro com jogos nesta terça-feira, a Bélgica fez sua parte e meteu 3 a 0 no Chipre, fora de casa, dois gols de Lukaku e um de Carrasco. Encontrar intensidade e competitividade é a grande chave para a tal geração belga alçar voos mais altos. Jogadores não faltam. O grupo teve também Bósnia-Herzegovina 5 x 0 Estônia e Gibraltar 1 x 4 Grécia. Não dá para imaginar que bósnios ou gregos ameacem a vaga direta da Bélgica na Copa.

Nos dias anteriores, os favoritos fizeram sua parte.

No grupo C, domingo, a Alemanha começou fazendo 3 a 0 na Noruega e mostrando força. No grupo F, a Inglaterra fez 1 a 0 na Eslováquia no finalzinho. Falei aqui sobre estes dois jogos.

Na segunda-feira, a Itália sofreu, mas, mesmo com um a menos, ganhou de Israel por 3 a 1 fora de casa. E a Espanha passou, com 8 a 0 sobre Liechtenstein. O clássico entre Itália e Espanha, em Turim, no dia 6 de outubro, é o grande jogo da próxima rodada das eliminatórias europeias.

À parte a derrota de Portugal e o tropeço francês, outros favoritos que deixaram a desejar na rodada: a Croácia, favorita no grupo I, que empatou por 1 a 1 em casa com a Turquia; e a Polônia, favorita no grupo E, que ficou no 2 a 2 no Cazaquistão. Já País de Gales, com direito a gol de Bale (para variar), fez 4 a 0 em Moldova, lidera o grupo D e sonha em voltar a uma Copa após 60 anos. A chance é boa.

 

Clique aqui para ver a página do UOL Esporte com todos os resultados e tabela completa das eliminatórias europeias.

Segunda e terceira rodadas de todos os grupos serão disputadas entre 6 e 11 de outubro. Destaques para Itália x Espanha (6/10), Bélgica x Bósnia (7/10), Holanda x França (10/10), Alemanha x República Tcheca (8/10), Áustria x Gales (6/10), Polônia x Dinamarca (8/10) – são os jogos com mais implicações em termos de classificação – e Kosovo x Croácia (6/10), o primeiro jogo de Kosovo em casa em competições oficiais (a partida será na Albânia).

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.