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Julio Gomes

Brasil ganha jogo duríssimo e tranquilidade nas eliminatórias

Julio Gomes

06/09/2016 23h56

O Brasil sofreu para vencer a Colômbia, nesta quarta, em Manaus. Talvez até o empate fosse o resultado mais justo, pelo que fizeram os dois times. Regressão em relação ao jogo de Quito? Nada disso.

Nesta rodada específica, não haveria rival mais duro para o Brasil nas eliminatórias. A Colômbia é o time mais em forma do continente, mais do que uma Argentina sem Messi e com técnico novo, mais do que um Chile desencontrado.

Finalmente, vimos um Brasil x Colômbia de futebol, não de pancadaria. Foi um belíssimo jogo. Intenso, bem disputado e com chances. Os colombianos tiveram uma claríssima chance para virar o jogo, mas foi o Brasil quem matou.

O que mais gostei na seleção: troca de posições e infiltrações. Daniel Alves e Marcelo fazem parte da construção das jogadas, não ficam presos às laterais e, quando afunilam, são outros que ocupam as pontas para espalhar o campo. Com a proteção de Casemiro, Paulinho e Renato Augusto conseguem avançar e receberam passes importantes de Neymar e William. Bobearam em finalizações que poderiam ter sido limpas.

Talvez outros meias conseguissem participar melhor do que Paulinho e Renato Augusto neste tipo de lance. Mas talvez não façam o mesmo trabalho de marcação e coberturas que estes dois. É uma equação para o técnico.

Philippe Coutinho entrou bem novamente. Mas, também novamente, se beneficiou por ter minutos com o time vencendo o jogo e o contra ataque à disposição.

O que não gostei: Gabriel Jesus não foi envolvido nessas jogadas, não conseguiu fazer as paredes ou receber o passe de gol.

Neymar não precisa mais ser o "faz tudo", o que é ótimo. Porque ele não é um faz tudo. Não é um armador, um criador. Sua grande qualidade é finalizar, assim como fez no gol da vitória. Quanto mais à frente receber a bola, com menos marcadores, melhor. Seu grande defeito atualmente é cair demais, reclamar demais da arbitragem, se mostrar tão irritado com o mundo. Precisa acalmar e jogar mais alheio aos árbitros.

O que detestei: ver que o estádio não estava lotado, pois o ingresso médio custava 160 reais. Um escândalo. Se é culpa de quem quer que mande no estádio, a milionária CBF que subsidiasse ingressos mais baratos. É a desconexão total da corja com a realidade. A seleção não é da CBF, é do Brasil.

O fato é que, com 15 pontos e na vice-liderança, o Brasil ganha muita tranquilidade para se classificar para a Copa de 2018. Em outubro, fecha o turno contra a Bolívia em casa (dia 6, em Natal) e abre o returno na Venezuela (dia 11). São as seleções mais fracas do continente. Com duas vitórias, a seleção chegaria a 21 pontos.

Desde que as eliminatórias sul-americanas passaram a ser disputadas em pontos corridos, 28 pontos sempre foram suficientes para qualquer seleção ficar entre as quatro primeiras. Se fizer o dever de casa em outubro, faltariam sete pontos em oito jogos para atingir a marca. Ou seja, situação bastante controlada.

Tite começou com o pé direito, e a seleção brasileira sai das cordas.

O fato é que a rodada dupla de setembro foi praticamente perfeita. Além de ganhar os dois jogos (foi o único país a fazê-lo), ambos muito complicados, o Brasil viu a Argentina perder pontos contra a Venezuela, o Chile tropeçar em casa com a Bolívia.

O Chile, campeão das últimas duas Copas Américas, é quem está contra as cordas agora. Com 11 pontos, está em sétimo lugar e começa a ficar longe de Uruguai, Brasil e Argentina. Vai ter de disputar ponto a ponto contra a Colômbia, o Equador e o Paraguai. Situação difícil após a saída de Sampaoli. Se perder no Equador na próxima rodada, resultado que seria para lá de normal, o Chile se complica demais.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.