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Julio Gomes

São Paulo fez Libertadores 'guerreira', sai de cabeça erguida

Julio Gomes

13/07/2016 23h58

Não seria fácil acreditar se alguém dissesse no começo do ano que o São Paulo estaria na semifinal da Libertadores. Menos ainda depois daquela derrota para o Strongest no Pacaembu.

Mas o fato é que chegou. E, se ficou bem clara a inferioridade no duelo contra o Atlético Nacional, o São Paulo se despede com um álibi. A discutível expulsão de Maicon selou o destino do primeiro jogo. O indiscutível pênalti não marcado sobre Hudson no final do primeiro tempo minou as possibilidades (já remotas) de classificação no segundo jogo.

O São Paulo tem uma relação interessante com a Libertadores, que me lembra muito a do Real Madrid com a Champions (guardadas as devidíssimas proporções). É como se clube e torcida "se apropriassem" da competição. Como se fosse dono dela, como se fosse o único vencedor apto.

É claro que há uma linha fina entre o tamanho (enorme) e a soberba. Aí vai da ação e da interpretação de cada um.

O são-paulino pôde ter novamente o gostinho de ser protagonista na Libertadores. Mas deve ter cuidado para não se empolgar demais. É uma semifinal bem diferente daquelas dos anos 90 e da "era Ceni" no meio da década passada. Difícil até ver o São Paulo se classificando para a próxima Libertadores, mas não dá para desprezar essa hipótese – a provável saída de Ganso certamente não ajuda.

Ganso foi um dos fatores de crescimento do time na competição e, sem dúvidas, a ausência dele foi um dos fatores que prejudicaram o São Paulo na semifinal.

Foi uma campanha que teve jogos grandes contra o River Plate. Que teve a sorte de o Strongest perder do Trujillanos. A partida heróica da classificação na Bolívia, com o surgimento do "xerife" Maicon. O ótimo jogo de oitavas contra o Toluca no Morumbi. E as partidas feias contra o Atlético Mineiro.

Resumindo, o São Paulo não mostrou tanta bola. Mas mostrou organização (mérito de Bauza) e, o principal, mostrou muito coração nessa Libertadores. Fazendo jus ao que pedem os torcedores. Foi aos trancos e barrancos. Mas foi até onde deu. Mais que isso, seria estranho.

O Atlético Nacional é um justo finalista. Pela campanha que fez e por ter mostrado, nos dois jogos, ser um time melhor e mais organizado que o São Paulo.

Vamos ouvir muito sobre arbitragem. O perigo disso é esquecer de olhar para os próprios erros. Aquela entrada inútil de Ganso em um jogo do Brasileiro. A infantilidade de Maicon, logo após um valor deveras exorbitante desembolsado para manter o zagueiro. Um Lugano que realmente não dá mais pra jogar. Enfim.

O grande grande erro de arbitragem foi o pênalti não marcado em Hudson no último minuto do primeiro tempo na Colômbia. Erro gigante. Mas nada garante que o pênalti seria convertido e nem que o São Paulo buscaria o terceiro gol no segundo tempo. Aliás, não teve chance alguma na etapa final contra o bom time colombiano.

Foi uma Libertadores guerreira. De resgate, de mostrar que a camisa tem peso, de mostrar que o trabalho de Bauza merece crédito para anos. O São Paulo merece palmas, caiu de cabeça erguida.

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Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.