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Julio Gomes

Os 7 a 1 sobre ninguém devem render confiança, mas sem ilusão

Julio Gomes

08/06/2016 22h28

Amigas e amigos, o Haiti é ridículo. Não o país, claro. O país apenas retrata o ridículo que é a humanidade. Me refiro à seleção de futebol. Então é importante saber que a goleada de 7 a 1 pela Copa América não significa absolutamente nada.

A consequência é que o Brasil jogará por um empate contra o Peru para se classificar para as quartas de final da Copa América. Considerando que o Peru ganhou só de 1 a 0 de um time inexistente como esse do Haiti, é que as coisas não devem estar indo muito bem para a seleção peruana…

Não sabemos se esse hipotético empate no último jogo será suficiente para ser primeiro do grupo. Mas o Brasil está encaminhado para ganhar do Peru, ser primeiro, fugir da boa Colômbia e pegar ou Estados Unidos ou Paraguai nas quartas.

A primeira metade do primeiro tempo foi sonolenta. Quando resolveu acelerar um pouquinho o jogo, o Brasil chegou logo aos 3 a 0. E o segundo tempo transcorreu em ritmo de treino.

Jogos assim me preocupam um pouco, pois vimos ao longo dos anos como eles geram ilusão. Uma coisa é a confiança, que é positiva. Que os jogadores acreditem mais neles mesmos, ganhem entrosamento, deixem a ousadia falar mais alto que o medo de errar. Outra coisa é a confiança exagerada, a ilusão de achar que é melhor do que realmente é.

O torcedor costuma se animar em demasia com jogos assim. É normal. O que não é normal, e também já aconteceu muito, foi técnicos tomarem decisões importantes em função dessas partidas em que não há competitividade por parte do adversário.

Exemplo: será que Gabigol ganhará a vaga de Jonas no ataque?

Se sim, mostrará a total falta de convicção de Dunga em Jonas e, consequentemente, em seu projeto de time. É verdade que Jonas passou em branco contra o Haiti, mas deu passe para gol e não destoou do resto do time. Estava muito mais fácil jogar no segundo tempo, e Gabigol se aproveitou disso. Não dá para levar em conta um jogo contra ninguém para tomar uma decisão assim.

brasil_haiti

Será que tem sentido substituir Casemiro (suspenso para o jogo com o Peru) por Lucas Lima, como Dunga fez contra o Haiti? Taticamente, creio que deixaria o time desequilibrado.

O importante é observar jogadores em partidas com nível de competitividade.

Enfim.

Daqueles 7 a 1 de dois anos atrás, parece que não tiramos lição alguma. Deveríamos.

Dos 7 a 1 sobre o Haiti é que não se deve concluir muita coisa mesmo. Seria um erro tomar decisões drásticas em função de um jogo como esse.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.