Sevilla atropela, e Espanha confirma domínio inédito
O Liverpool é gigante. Mas é um gigante que desaprendeu a ganhar. O Sevilla é o melhor exemplo possível para os que acham que o futebol espanhol vive de dois times. Não é assim e nunca foi assim. O nível estratosférico de Barcelona e Real Madrid em anos recentes cegaram muitos para a qualidade enorme de outros times.
Os ingleses, tomara, têm um belo futuro com Klopp. Um baita técnico, uma baita torcida, uma baita história a ser resgatada, alguns bons jogadores. Mas, hoje, o Sevilla é um clube com cheiro de título. Aquele cheiro que os Reds perderam na megaglobalização vivida pelo futebol nos últimos anos.
O Liverpool teve a chance de ficar com a Europa League, seria a quarta (contando com os tempos de Copa da Uefa). Mas, com o 1 a 0 e o Sevilla contra as cordas, perdeu a chance de matar a decisão no primeiro tempo. Em finais, quando o adversário está entregue, as coisas não podem ficar para depois.
O "depois" foi o Sevilla empatando o jogo com menos de 30 segundos no segundo tempo. Jogada brilhante de Mariano e gol de Gameiro, o artilheiro.
A partir daí, foi um banho. O Liverpool não estava preparado para o empate tão rápido. E o Sevilla estava mais do que preparado para ganhar. Aprendeu a ganhar. E ganha. Fez 3 a 1 e poderia ter feito mais.
O Sevilla passou o carro por cima do Liverpool no segundo tempo.
Muitos vão minimizar a Europa League, antes Copa da Uefa. É claro que é necessário relativizá-la. Não é forte como já foi.
Antes, até a mudança radical do futebol europeu, duas décadas e pouco atrás, a Copa dos Campeões era uma competição só para campeões, poucos times. A Copa da Uefa era até mais difícil de ganhar, pois tinha mais times fortes. Possivelmente em muitos anos dos anos 70 e 80 o campeão da Uefa era um time melhor do que propriamente o campeão europeu.
Não é mais assim. A Copa dos Campeões inchou, virou a Champions League e hoje é a maior competição de futebol do mundo. A Europa League é secundária. Mas sempre tem times bons. Seja porque esses times bons não conseguiram, no ano anterior, vaga na Champions, ou porque "caíram" da fase de grupos da Champions – foi o caso do Sevilla esse ano, ficando em terceiro em um grupo da morte que tinha Juventus e Manchester City na Champions.
A Europa League 2016/2017 já tem, por exemplo, Manchester United e Inter de Milão confirmados. Outras camisas pesadas estarão lá.
Como estiveram nas três seguidas conquistadas pelo Sevilla.
Real Madrid, entre 56 e 60, Ajax, de 71 a 73, e Bayern de Munique, de 74 a 76, eram os únicos times da história a vencerem três copas europeias seguidas. Todos na Copa dos Campeões. O Sevilla se junta a esse seleto grupo.
E não podemos esquecer que a Espanha conquista a terceira Europa League consecutiva com o Sevilla e já garantiu a terceira Champions League seguida com a final doméstica entre Real Madrid e Atlético de Madri. Isso nunca havia acontecido na Europa.
A Itália teve um domínio parecido quando o Milan ganhou a Copa dos Campeões em 89 e 90. Italianos ganharam a Copa da Uefa em 89 (Napoli), 90 (Juventus) e 91 (Inter). E a Sampdoria ainda levou a extinta Recopa em 1990.
Mas o histórico domínio italiano do final dos anos 80 foi superado agora pelos espanhóis.
Na Champions League, a Espanha leva 6 dos últimos 11 títulos. Na Europa League, são 7 títulos nos últimos 13 anos, com duas finais domésticas.
Nas últimas três temporadas, foram 45 confrontos europeus contra times de outros países. Os espanhóis levaram a melhor 42 vezes. "Só" 93% de aproveitamento.
Ufa. Haja número. Haja taça. E haja festa. A noite em Sevilla só acaba amanhã… à noite.
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