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Julio Gomes

10 anos do gol de Belletti e o título sonhado do Barça em Paris

Julio Gomes

17/05/2016 22h02

Façam uma lista de cinco feitos de jogadores brasileiros no futebol europeu. Se nesta lista não estiver o gol de Belletti em cima do Arsenal naquele 17 de maio de 2006… ela está simplesmente errada.

Era o Barça de Ronaldinho. Foram os anos que eu considero o início de tudo o que estamos ainda vivendo. O Barcelona é inegavelmente o maior clube de futebol do mundo dos últimos dez anos. O clube do século em curso. Será que tudo teria acontecido como aconteceu, não tivessem quebrado aquele jejum de 14 anos sem um título europeu naquela noite em Paris?

Será que o peso de ter uma só Copa dos Campeões (contra nove do Real Madrid na época) teria feito o Barça fraquejar em muitos momentos posteriores?

O gol de Belletti não só fez justiça ao que era o melhor da Europa naqueles anos, em uma final para lá de encardida contra o Arsenal. Mas também foi o gol do alívio, o gol que abriu a portas para o clube.

Do alívio dele, um cara sempre muito criticado, apesar de já ter na carreira um pentacampeonato. Do alívio da Catalunha e do torcedor do Barça. Eu fui a muitos jogos do Barcelona na vida, estava na final de 2013 em Wembley. Nada foi como aquilo, em 2006. Aquele era o choro de verdade, da emoção, do título que parecia nunca chegar.

Foi também o gol do alívio deste repórter, que estava atrás daquele gol, sentadinho, debaixo de chuva, com o bloquinho molhado. Era a minha primeira transmissão ao vivo nos tempos de Band – acho que foi a única. Luciano do Valle narrava. Podia ter dado tudo errado. Deu tudo certo. Não vou agradecer todo mundo da Band aqui nesse espaço, porque vou esquecer nomes e cometer injustiças.

Uma pequena historinha. O Barça já era bicampeão espanhol e eu estava nos jogos dos dois títulos (2005 e 2006). Os jogadores me conheciam, o aceno de Ronaldinho no vídeo abaixo mostra um pouquinho isso. Eu filmava, entrevistava, editava, produzia, fazia tudo. E apenas um cara não me dava entrevistas: Juliano Belletti.

Ele odiava, talvez ainda odeie, o Neto. E o Neto era comentarista da Band na época. Belletti me dizia nos treinos no Camp Nou: "cara, não tenho nada contra você, mas não falo com a Band". Eu achava justo. Errado seria me destratar por uma bronca com outra pessoa. Isso ele não fazia. Batíamos papo, dávamos risada, mas nada de entrevistas.

Neto havia saído da Band logo antes daquela final da Champions. Acho que tinha ido para a Record. E logo Belletti mete o gol do título! A entrevista que fiz com ele no campo, além de ter sido a primeira dele como campeão da Europa, foi também a primeira dele para mim.

Uma pequena historinha que queria compartilhar aqui. Ele não foi o único sortudo da noite!

Abaixo, um vídeo com imagens que gravei naquela noite chuvosa em Paris. Imagens únicas da comemoração de um Barça que não lembrava o que era estar tão alto. Desenterrei em um CD aqui em casa enquanto procurava outra coisa. Faz 10 anos. Parece que foi ontem.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.