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Julio Gomes

City e Real se apaixonaram pelo 0 a 0 que tanto odiamos

Julio Gomes

26/04/2016 18h19

Manchester City e Real Madrid começaram a semifinal desta terça-feira apaixonados pelo 0 a 0. Acabaram com sentimentos diferentes, mas conseguiram o placar que tanto detestamos e que serve aos propósitos de ambos.

O jogo desta terça é o exemplo que será sempre usado pelos críticos da regra do gol fora de casa como critério de desempate.

Para o City, agora "basta" um empate no Santiago Bernabéu, quarta que vem. Se for sem gols, prorrogação e depois pênaltis. Se for com gols, vaga na final garantida.

Para o Real Madrid, "basta" vencer em casa, por qualquer placar. E possivelmente com Cristiano Ronaldo de volta.

Um joga por dois resultados. O outro joga por qualquer vitória, levando ou não levando gols, e diante de sua torcida. Todo mundo satisfeito, pois.

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Foi a ausência de Cristiano que ditou tudo o que aconteceu em Manchester. O Real Madrid entrou em campo mais preocupado em não sair de lá como saiu de Wolfsburgo, com um 2-0 contra para levantar.

Com a saída de Benzema no intervalo, outro baleado, Zidane mudou o sistema para um 4-4-2 que funcionou melhor. Adiantou Modric, jogou Bale para a esquerda e afunilou mais o jogo.

O Real demorou para perceber que o Manchester City estava morto em campo, desinteressado. Quando percebeu, passou a chegar com mais perigo e obrigou Hart a fazer duas grandes defesas em jogadas de escanteio.

Quando virem a repetição deste jogo, os madridistas vão lamentar terem entrado em campo tão focados em não perder. Porque dava para ganhar.

Já o City, quando revir o jogo, ficará ainda mais apaixonado por esse 0 a 0. Saiu com vida de uma partida lamentável. Não dá para fazer muito pior que isso no Bernabéu, é nisso que se apegará o bom (e cansado) Manuel Pellegrini.

Em Madri, veremos um duelo com desenho clássico. O time da casa vai pressionar, e muito. O time visitante vai contra atacar, e muito. Será um jogo melhor. Não daria para ser pior.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.