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Julio Gomes

Vive um drama, o Palmeiras!

Julio Gomes

10/03/2016 00h06

Futebol com Galvão Bueno é outra história, né? Podem gostar ou não gostar dele, mas o cara é fera. E há uma frase que resuma melhor a situação do que essa? "Vive um drama, o Palmeiras!".

E é um drama real. No grupo da Libertadores, o Nacional tem 5 pontos, Palmeiras e Rosario têm 4, o River Plate uruguaio tem 2. Em termos de pontuação, está tudo aberto. Mas o River é o pior time e o Palmeiras vai jogar contra Nacional e Rosario fora de casa.

O Nacional, que tem camisa pesada, joga agora três partidas em Montevidéu, e o Rosario é o melhor time do grupo.

Na semana passada, em pleno Allianz Parque, o Palmeiras foi completamente dominado pelo Rosario. E ganhou por pura sorte. Nesta quarta, perdeu por 2 a 1 para o Nacional jogando o segundo tempo inteiro com um homem a mais.

Foi a história da semana passada às avessas? Não, não foi.

Comparem o domínio do Rosario na semana passada com o "domínio", assim mesmo, entre aspas, do Palmeiras contra o Nacional.

Nada de nada de nada. O Palmeiras não criou nada no segundo tempo. Teve duas bolas aéreas perigosas com Victor Hugo e, no finalzinho, um chute de Lucas na trave. Bola alçada e abafa, nada de construção.

O time não é um primor tático, não isento Marcelo de Oliveira de culpa. Mas será que o elenco não é supervalorizado, não?

É incrível como ninguém tenta nada, ninguém chama a responsabilidade, como o número de passes errados é enorme e, o principal, como não há deslocamentos e aproximações. É um time que joga longe, distante. Sendo assim, o único recurso é girar o jogo e buscar o cruzamento. Não há penetração, aproximações, chutes de fora, triangulações.

As substituições foram corretas, mas ainda assim nada mudou.

Creio que a história do "ótimo elenco do Palmeiras" está virando uma verdade absoluta para lá de contestável. Um pouco simplista apontar o dedo para o técnico, ainda que esta seja a história de toda vida.

No pós-jogo, aquela leitura equivocada de sempre. "Eles não quiseram jogar", disse Dudu. "Tem noite que a bola não entra", falou Lucas.

Oras, o Nacional resistiu aos primeiros minutos de jogo e depois colocou seu plano em ação. Contra atacou bem e fez dois gols. No segundo tempo, se defendeu com qualidade e ganhou o tempo que precisava ganhar.

Não é que o Palmeiras tenha dado um azar danado, bola não entrou, goleiro foi o destaque… nada disso. Goleiro do Nacional não fez uma defesa difícil sequer. Foram 34 cruzamentos para a área, uma pressão "de mentira" no segundo tempo.

Não é pela tabela, é pelo futebol. Vive um drama, o Palmeiras.

SÃO PAULO, SP - 25.04.2015 - PALMEIRAS X SANTOS: A torcida da SE Palmeiras, em jogo contra a equipe do Santos FC, durante partida válida pela final (ida) do Campeonato Paulista, Série A1, na Arena Allianz Parque. (Foto: Cesar Greco / Fotoarena)

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.