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Julio Gomes

No papel, sorteio bom para São Paulo e Galo, ruim para Palmeiras e Grêmio

Julio Gomes

23/12/2015 00h34

Finalmente, a Copa Libertadores teve um sorteio decente, bacana. Nada de Peru 3, Argentina 4, Venezuela 2. Times com nome, alguns até com sobrenome, e já sabemos os grupos da competição no ano que vem. Foi um pouco arrastado, o sorteio, com muita falação até a hora da definição dos grupos. Mas avançou, ficou mais legal.

Pelo menos no papel, o sorteio foi péssimo para Palmeiras e Grêmio. Ótimo para o São Paulo e para o Atlético Mineiro. E regular para o Corinthians.

Por que "no papel"?

copalibertadoresPorque a real é que conhecemos pouco da maioria dos times da Libertadores. É muito difícil ter acesso aos jogos dos campeonatos da Colômbia, Equador, mesmo do Uruguai. Aliás, é por isso que costumamos ter essa relação de medo e soberba ao mesmo tempo com a Libertadores.

Por um lado, todo mundo é "perigoso". Por causa da camisa, da altitude, da viagem, do que seja. Por outro lado, poucos são verdadeiramente temidos e respeitados, porque brasileiro é assim mesmo com futebol. O desconhecimento costuma gerar petulância e às vezes medo exagerado.

Teoricamente, pois, Palmeiras e Grêmio estão em grupos complicadíssimos.

O Palmeiras, no grupo 2, encara um uruguaio de tradição, o Nacional, um argentino, o Rosario Central, e provavelmente a Universidad de Chile. O Nacional deu papelão na pré-Libertadores do ano passado, mas depois ganhou o campeonato nacional. O Rosario foi terceiro na Argentina, deve ser respeitado. E "La U" já mostrou força nos últimos anos – tem de passar do River Plate uruguaio no mata-mata de fevereiro antes.

Já o Grêmio, no grupo 6, também terá uma missão difícil. O San Lorenzo, vice-campeão argentino e campeão da América no ano passado, é o cabeça-de-chave. A LDU joga em Quito, tem a altitude a seu lado. E o quarto time é o Toluca, obrigando o Grêmio a fazer a longa viagem ao México.

Palmeiras e Grêmio não terão um jogo sequer para respirar. É batalha jogo sim, jogo também, para ficar entre os dois primeiros e sobreviver para o mata-mata.

O São Paulo encara o Cesar Vallejo, do Peru, na eliminatória. No papel, não terá problemas, e a eliminação, dado o tamanho dos clubes, seria vexaminosa. Passando, o São Paulo cai em um grupo com River Plate, o atual campeão, The Strongest, da Bolívia, e Trujillanos, da Venezuela.

O River, é bom lembrar, assusta no nome e na camisa, mas só se classificou da fase de grupos da última Libertadores na bacia das almas. Acabaria sendo campeão do torneio, já sabemos. Tem de ser respeitado, mas não temido, pois além de tudo perdeu jogadores importantes. Aliás, bom lembrar que todos os times sul-americanos ficam expostos na janela de transferências de janeiro e podem sofrer com a perda de peças-chave.

O Strongest tem a altitude a seu lado, o Trujillanos não mete medo. É um grupo, no papel, que deve ser tranquilo para o São Paulo. Tudo dependerá da adaptação rápido do novo técnico e um bom planejamento, daqui 40 dias já tem jogo decisivo.

O mesmo serve para o Atlético Mineiro, que encara Colo Colo, do Chile, o Melgar, campeão peruano, e ou o Independiente del Valle, do Equador, ou o Guaraní, do Paraguai, que surpreendeu ao eliminar o Corinthians e ir à semifinal da última Libertadores.

Com Javier Aguirre no comando, o Atlético não terá o problema de desconhecimento dos adversários. É um treinador sul-americano, experiente, estudioso e que não deixará a soberba tomar conta. Grupo bom para o Atlético ficar em primeiro e fazer uma das melhores campanhas da primeira fase, para depois ganhar o direito de decidir em casa nos mata-matas.

O Corinthians caiu em uma chave nem tão dura quanto as de Grêmio e Palmeiras, nem tão fácil (na teoria) como as de São Paulo e Atlético.

Favorito destacado do torneio ao lado do Boca Juniors – foram os dois melhores times do continente em 2015 -, o Corinthians encara Cerro Porteño, sempre um rival chato lá no Paraguai, o desconhecido Cobresal, que, no entanto, ganhou título no Chile, e possivelmente o Independiente Santa Fé, da Colômbia, se este passar da fase prévia.

Se fizer a lição de casa no alçapão de Itaquera, o Corinthians não terá problemas para passar.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.