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Julio Gomes

Título do Corinthians é incontestável e vai pra conta de Tite

Julio Gomes

01/11/2015 19h02

Antes de começar o campeonato, por mais que se diga que haja equilíbrio no futebol brasileiro, etc, etc, etc, o Corinthians era o principal favorito ao título.

O bicampeão Cruzeiro se desfez do elenco. O Corinthians tinha um elenco fortíssimo e com ótimo técnico. Com continuidade.

Alguém poderia colocar um time ou outro na lista de candidatos. A minha só tinha um mesmo, o Corinthians.

No entanto, o Corinthians que eu e outros colocaram como favoritaço ao título lá em abril era outro. Com Guerrero no ataque, por exemplo. Sem a decepção de ter sido eliminado pelo Guaraní do Paraguai na Libertadores.

É verdade que, apesar das dívidas, etc, o Corinthians é um dos clubes brasileiros com situação financeira de dar inveja. Ganha muito da televisão e enche o estádio. Consequentemente, consegue segurar elenco. Apesar de atrasos salariais, é tanto dinheiro entrando que o funcionário não vive com aquele medo constante de calote. Sabe que uma hora a coisa se ajusta.

Mas muito mais do que a organização do clube, vai para a conta de Tite o título brasileiro 2015. O homem que apagou com incrível velocidade todo e qualquer pequeno foco de incêndio que apareceu ao longo do ano.

Que perdeu Guerrero, perdeu Luciano e bancou Vágner Love. Que convenceu Jádson, peça fundamental do título, a ficar. O que teria sido do Corinthians sem Jádson neste Brasileiro? Impossível prever.

Vai ser necessário compartilhar o prêmio de melhor jogador do campeonato entre ele e Renato Augusto. Modernos, ofensivos, defensivos, dinâmicos e complementares.

É verdade que no final do turno alguns erros de arbitragem deram folga ao Corinthians na tabela. Mas estes erros não podem ser colocados na conta do título. Eles foram, de fato, diluídos. E a pá de cal no tema foi o jogo deste domingo no Independência.

Um turno atrás, o Atlético veio a Itaquera e foi superior ao Corinthians. Perdeu sem merecer. 19 jogos depois, a coisa virou completamente. Hoje, não há debate algum sobre qual o melhor time.

O Atlético criou pouquíssimas chances de gol. Só ameaçou em laterais e escanteios levantados na área. O Corinthians controlou a partida, teve várias chances com Malcom até que, com o próprio, abriu o placar. E aí virou passeio.

Os 3 a 0 foram uma demonstração de força tremenda. O título deve ser sacramentado já na próxima rodada, com quatro de antecipação.

A vantagem técnica não é tão grande para os outros times. A vantagem tática existe perante a maioria, mas não é gigantesca. O que sim, é considerável, é a vantagem psicológica. É um grupo de profissionais pronto para lidar com vitórias e derrotas, com pressão, adversidade. Tudo, enfim. E isso tem muito a ver com o comando, ou seja, Tite.

O homem é, hoje, disparado o melhor treinador do Brasil. E, o Corinthians, o justo campeão.

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.