Apático, Palmeiras correu riscos desnecessários para ir à semifinal
O Palmeiras se classificou para a semifinal da Copa do Brasil, vai pegar o Fluminense e desde já é favorito. Pela mesma razão que era favorito contra o Inter: por ser mais time.
Mas o time de Marcelo Oliveira correu um risco desnecessário de eliminação contra o Inter de Argel e deixou uma impressão não tão animadora assim. E talvez a fisionomia dos dois técnicos durante o jogo, reflexo da personalidade dos mesmos, resuma bem o que aconteceu nesta noite de quarta no Allianz Parque.
Argel, pilhado, trouxe energia a seu time. Digamos que é um técnico que tem cara de mata-mata. Marcelo Oliveira, ainda que os resultados com o Coritiba me desmintam, tem mais cara de pontos corridos. E atuou assim ao longo do jogo.
O Palmeiras foi melhor que o Inter no Beira-Rio, mas saiu de lá com um 1 a 1. Em São Paulo, logo fez 1 a 0. E aí parece que se esqueceu de jogar o resto da partida. Acho que tudo estivesse resolvido.
O Inter já ameaçava o empate no primeiro tempo, até que veio o pênalti do 2 a 0. Pênalti, na minha visão, inexistente. O jogador Lucas, do Palmeiras, cai sozinho. E, por isso, Alex, do Inter, cai também. Sim, se apoia no próprio Lucas que tentava levantar. Mas não segura a camisa do jogador palmeirense, o braço vai ao corpo no movimento da queda. O típico "segue o jogo", ninguém estaria falando desse lance, não fosse marcado o pênalti.
O erro gigantesco do árbitro teve consequência discutível, eu diria até irrelevante, pela maneira como o jogo se desenrola. Argel vai reclamar para burro, mas o time dele buscou o empate, buscou o prejuízo do erro do árbitro. Técnicos gostam de se apoiar nos erros alheios para apagar os próprios.
No segundo tempo, o Palmeiras voltou mais ainda senhor de si e crente que a eliminatória estava encerrada. O Inter foi para cima e buscou o empate, com muito ímpeto, volume, coração. O Inter buscava, o Palmeiras e a torcida que lotou o estádio pareciam estar em outro planeta. Uma apatia inacreditável, pelo palco e a importância do jogo.
Não vejo falta de Ânderson no lance do primeiro gol do Inter – Lucas abaixa a cabeça e vai em direção à bola -, além de o lance ter certa distância até a finalização em si. Não vejo impedimento de Rodrigo Dourado no lance do segundo gol, a imagem não é clara. Podia estar na mesma linha ou bem pouco à frente, lance difícil demais para ser marcado. É muito mimimi de arbitragem – ainda que hoje seja justificável por parte dos dois times, porque o árbitro era horroroso. Péssimo. E árbitros péssimos irritam todo mundo.
O 3 a 2 veio na jogada aérea, um minuto depois do empate do Inter. Quando o jogo tinha tudo para ganhar o desenho que Argel mais queria, com o campo inteiro para contra atacar.
Apesar de o 3 a 2 ser matematicamente igual ao 2 a 1 para a eliminatória, o cenário da partida mudou completamente. A chama do Palmeiras, enfim, se acendeu e o time mostrou, pelo menos por 15 minutos, o que não tinha mostrado nos 75 anteriores.
Com um time superior, em casa e 2 a 0 no intervalo, o Palmeiras nunca poderia ter dado essa sopa para o azar. Apesar de ter tantos jogadores experientes e um técnico campeão, mostrou-se um time imaturo, sem reação e sem ideias. Mais na linha do Palmeiras que arrumou um empate contra o São Paulo do que o que merecia ter ganhado do Corinthians.
Sim, é favorito contra o Fluminense.
Mas e se o Flu já tiver se livrado do rebaixamento com duas vitórias no Brasileiro? Sem Ronaldinho, o que ajuda, com um técnico novo e bom, o que ajuda, e com um Fred em condições, o que pode ser decisivo… não é possível descartar o time das Laranjeiras na decisão.
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