City e PSG têm chance de revanche e dizer a que vieram na Champions
Investimentos milionários, dinheiro a rodo, resgate do amor próprio. Manchester City e Paris Saint-Germain são os novos ricos do futebol europeu, mas que não conseguiram ainda dizer a todo continente (e ao mundo) a que vieram. Com todo esse monte de jogadores contratados a peso de ouro, seguem sem impacto algum na Champions League.
Curiosamente, ambos ganharam uma importante chance de revanche e afirmação. O Man City enfrenta nas oitavas de final o Barcelona, seu algoz na última edição do torneio e clube inspirador para o trabalho de formação de jogadores. Já o PSG pega o Chelsea, algoz nas quartas da última Champions.
São aqueles momentos de encruzilhada para dirigentes, técnicos e jogadores. Ou mostram que podem subir um degrau. Ou mostram, de novo, que daqui não passam. E precisam mudar. Seja a golpe de talão de cheque, seja com investimentos mais racionais e menos impulsivos.
Primeiro, falemos desse sorteio. Regras são regras. Cada um tem a sua e, creio, modelos não precisam ser copiados. Cada um faz do jeito que acha melhor, quando se trata de campeonato de futebol.
A Conmebol me passa uma impressão de ridículo máximo com esse recente sorteio da fase de grupos da Copa Libertadores 2015. Poucos times estavam definidos. Então fica aquela coisa de um grupo com Peru 1, Colômbia 3, Brasil 5 e Venezuela 2. Patético. O "debate", uma das coisas mais legais do futebol, fica na hipótese. Se é que existe algum. Não dá para fazer muito mais para diminuir o próprio produto.
A Champions League, há alguns anos, transformou os sorteios em eventos. Aparecem dirigentes, ex-jogadores, jornalistas. Tem sorteio para as fases prévias. Tem sorteio para a fase de grupos. Para as oitavas de final. Para as quartas. Para as semifinais. Tem sorteio até do mando de campo da final. Televisionado, lógico. O que aconteceu nesta segunda (15), na Suíça, faz com que o mundo inteiro fique de olho. E, quando as pessoas ficam de olho, elas não veem só bolinhas e potes. Mas, também, patrocinadores. Business, amigos. Feito de um jeito profissional, não mambembe.
Mas, dito tudo isso, o fato é que o sistema da Libertadores para o emparelhamento das oitavas de final me parece mais interessante. Tem um componente esportivo que torna a última rodada da fase de grupos mais interessante que a da Champions.
Para quem não sabe. Na Libertadores, após a fase de grupos, o time de melhor campanha entre os oito primeiros colocados enfrenta o de pior campanha entre os oito segundos colocados e ainda ganha o direito de sempre decidir os duelos em casa, até a final. O segundo melhor líder de grupo enfrenta o segundo pior segundo colocado. E assim sucessivamente. Já na Champions, um sorteio emparelha os primeiros e os segundos. Ele é dirigido. Não podem se enfrentar times do mesmo país ou que estiveram no mesmo grupo na fase anterior. A partir das quartas de final, é sorteio puro e nada do que foi feito anteriormente dá vantagem esportiva a time algum.
Ambos têm seu charme. E cada um deve conviver com o que é melhor para cada um.
Nesta segunda, tivemos o sorteio das oitavas da Champions 2014/2015. Os duelos são: Real Madrid x Schalke 04, Bayern de Munique x Shakhtar Donetsk, Barcelona x Manchester City, Chelsea x PSG, Porto x Basel, Atlético de Madri x Bayer Leverkusen, Borussia Dortmund x Juventus e Monaco x Arsenal. Falarei deles mais abaixo.
Fiz um exercício, apenas por curiosidade, para ver como teriam ficado os duelos europeus caso a regra fosse a mesma da Libertadores. Ficariam assim: Real Madrid x Basel, Bayern de Munique x Schalke 04, Barcelona x Manchester City, Chelsea x Shakhtar, Porto x Juventus, Atlético de Madri x Bayer Leverkusen, Borussia Dortmund x PSG e Monaco x Arsenal.
Juventus e Leverkusen fizeram campanhas idênticas na fase de grupo, então um sorteio definiria quem pegaria Porto ou Atlético.
O fato é que pelo menos dois duelos seriam idênticos. Barcelona x Manchester City, que é uma repetição do duelo de oitavas de final do ano passado. E Monaco x Arsenal, um duelo curioso, já que Arsene Wenger treinou o clube monegasco por sete anos, entre 87 e 94, antes de uma rápida passagem pelo Japão e a chegada ao Arsenal, 18 anos atrás.
A última vez que o Arsenal chegou às quartas europeias foi em 2010. Depois disso, sempre dando pouca importância a ser primeiro na fase de grupos, foi eliminado nas oitavas em duelos contra Barcelona, Milan e Bayern de Munique (duas vezes). Finalmente, portanto, o sorteio sorriu para Wenger. O Arsenal é favorito absoluto no duelo contra o Monaco.
Assim como o Arsenal, Real Madrid e Bayern de Munique são favoritíssimos em seus duelos. Muitos consideram estes os dois times mais fortes da Europa.
Eu coloco o Chelsea no mesmo grupo dos dois. Um Chelsea com um técnico para lá de ganhador e competente e um elenco bastante mais forte que o da temporada passada.
O Chelsea, que teve o grupo mais fácil de todos na fase anterior, vai enfrentar agora o Paris Saint-Germain, possivelmente o segundo colocado mais forte, o que ninguém queria pegar. Na temporada passada, se enfrentaram nas quartas de final. O PSG ganhou por 3 a 1 na ida. Mas aí Blanc recuou o time na volta, Mourinho foi enchendo o campo de atacantes e Demba Ba, um herói improvável, fez o gol do 2 a 0 e a classificação em Londres.
A diferença entre os técnicos é brutal. O PSG não parece ser um time melhor do que era ano passado e "ganhou" David Luiz, um zagueiro que Mourinho via como "anárquico" demais. Com a dinheirama da venda, o Chelsea investiu em Fábregas, Diego Costa, Filipe Luís… enfim, é bastante mais forte hoje do que era em março passado. Sim, o PSG tem jogadores que podem fazer a diferença. Mas o principal deles, Slatan Ibrahimovic, é justamente criticado por nunca ter feito essa toda diferença em fases agudas da Champions.
Este é um duelo mais equilibrado no papel do que na prática. O mais provável é que o Chelsea não tenha problemas e faça companhia a Real, Bayern e Arsenal nas quartas de final.
O Porto, contra o Basel, e o Atlético de Madri, contra o Bayer Leverkusen, levam ligeiro favoritismo. Mas são duelos em que o jogo terá de ser jogado, sem dúvida. O Basel deixou o Liverpool fora na fase de grupo e está pronto para fazer história. O Bayer é o terceiro colocado na fortíssima Bundesliga, não é um time qualquer. O Atlético de Madri, lógico, não é tão forte quanto no ano passado, pois perdeu três de seus principais nomes para o Chelsea. Mas a mentalidade e a competitividade continuam lá. Se passar do Bayer e tiver um pouquinho de sorte, pode reaparecer nos estágios finais do torneio.
Juventus x Dortmund é um grande duelo, sem favoritos. A Juve está atropelando na Itália, enquanto o Borussia ocupa uma inacreditável antepenúltima posição na Alemanha. Mas, até fevereiro, tudo pode mudar. São dois times com bons jogadores, vocação ofensiva, goleiraços. Quem passar, será um rival ingrato mais à frente na competição.
E chegamos, afinal, ao jogo mais interessante. Aquele que foi o mesmo na temporada passada, que saiu no sorteio desta segunda e que teria acontecido mesmo se a Champions tivesse o sistema de oitavas da Libertadores. Era para ser! E será.
Já na temporada passada, eu considerava este um duelo 50-50. Nesta, a tônica é a mesma. O City reclamou muito (com razão) das arbitragens ao ser eliminado pelo Barcelona nas oitavas, em fevereiro. Jogou melhor e era um time mais forte que o Barça de Martino. Acabaria sendo campeão inglês, enquanto o Barça faria uma reta final apática, perdendo o título espanhol e sendo eliminado nas quartas da Champions para o Atlético de Madri, sem muita resistência.
O Barcelona de Luis Enrique não dá os mesmos sinais de apatia. Mas tampouco dá muitos sinais de bom futebol. Até fevereiro, muito pode mudar. Mas, por enquanto, é um time que tem como virtude a presença de três craques no ataque: Messi, Neymar e Suárez. Se algum ou alguns deles se machucarem, por exemplo, eu diria que as chances de classificação ficariam bastante reduzidas.
O City tampouco faz com que muita gente morra de amores. Fez uma fase de grupos lamentável e precisou de pequenos milagres para se classificar. Na Premier League, após um início instável, vai conseguindo se aproximar do Chelsea pouco a pouco.
Há muitos anos, a Europa espera que o Manchester City, um novo rico, faça o que o Chelsea fez na era Abramovich. Torne-se um time frequente nas fases agudas da Champions, temido, respeitado. Não foi o que aconteceu até hoje. O City ainda não conseguiu ser o que era para ser. O Barcelona, por outro lado, cada vez menos é aquilo que todos se acostumaram que ele fosse.
De novo, serão duelos equilibrados. E detalhes, como decisões dos árbitros, acertos e erros individuais, podem ter um peso maior do que teriam em outro cenário.
Meus palpites, sempre considerando que ainda faltam dois meses. Passam Real Madrid, Bayern de Munique, Chelsea, Atlético de Madri, Arsenal, Basel, Borussia Dortmund e… Manchester City. E os teus palpites, quais são?
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