Um Barça que não morde (nem com Suárez) não é páreo para o Real Madrid
Luis Suárez. Jogador para quem não tem bola perdida, que sua, sangra. Nem ele conseguiu dar o choque que o Barcelona vem precisando há bons dois anos.
O talento envelhece. Xavi era o "fator surpresa" no clássico deste sábado no Santiago Bernabéu. E já é nem sombra daquele Xavi que nos apaixonou Iniesta vai perdendo magia. Messi é uma sombra. O sistema de jogo, como o tempo passa rápido!, já pode ser chamado quase de ultrapassado. É algo entre o que era e o que os outros viraram.
O Barcelona não foi massacrado pelo Real Madrid. Fez um primeiro tempo digno. Teve a chance do 2 a 0. Mas foi se apagando, apagando, apagando diante de um adversário melhor. É incrível como não consegue romper com algumas amarras do passado.
A principal delas, a exposição defensiva. A outra, o modo de fazer a bola ir à frente. Antes, a posse de bola garantia que poucos ataques contrários fossem adiante. A posse já não é mais exclusividade. E a defesa sofre.
Mas Julio, o Barcelona não havia levado nenhum gol ainda na liga espanhola!
Bem, mas havia levado três do Paris Saint-Germain. E leva mais três do Real Madrid. Infelizmente, a liga espanhola deixou de ser um parâmetro para Real Madrid e Barcelona (o que, umas horas eles verão – e abrirão mão de ganhar tanto mais dinheiro -, é bastante prejudicial quando enfrentam o alto nível europeu). Defensivamente, o Barcelona nunca foi e segue não sendo um time firme. Quando não tem a bola, é problema. E vem tendo cada vez menos a bola.
Com Neymar e Luis Suárez, o Barcelona tem duas armas prontas para o jogo que é jogado desde a revolução de Guardiola, depois com as pinceladas de Bundesliga e Premier League. Verticalidade, velocidade, gol. Mas Neymar foi lá para a esquerda. Suárez, para a direita. 50 metros entre eles.
Será que a explicação do marasmo não está no meio?
Pode parecer sacrilégio, mas creio que a ruptura do Barcelona passa por vender Messi por uma barbaridade de dinheiro.
Foi de Suárez a Neymar, sem passar por Messi, o passe que resultou no primeiro gol. Foi de Suárez a Messi o passe que poderia ter acabado em 2 a 0. Mas Messi, que não falhava, falhou (assim como falhou na final, no Maracanã). O Messi que não falhava passou a falhar bem mais. Já nem é mais notícia.
E, depois disso, todo mundo sumiu. Luis Suárez e Neymar gostam de ser protagonistas do jogo. Gostam da bola passando por eles constantemente. Se se sentirem coadjuvantes, nunca irão explodir. Esse é o grande dilema de Luis Enrique.
Iker Casillas foi quem evitou o 2 a 0. Como Messi, parece ter virado o fio. Mas Casillas, ao contrário do argentino, já vem sendo contestado faz tempo. Virou banco com Mourinho, falhou na final da Champions, mas depois levantou a Décima, falhou com a seleção espanhola na Copa e depois dela. Curioso. Por mais que falhe, por mais que seja contestado, Casillas não afeta o jogo do Real Madrid com sua presença ou ausência. É um goleiro, afinal.
Eu deixaria Casillas por mais uns bons anos por lá.
O Real Madrid tem uma defesa bastante melhor que a do Barcelona, com ou sem Iker. Tem uma dupla de garantias atrás e que ainda entrega resultados na frente (Pepe fez o gol da virada hoje, Sergio Ramos fez o que foi, na prática, o do título europeu em Lisboa). Kroos e Modric são volantes que não têm características de marcadores implacáveis. E isso pode, sim, ser problema na hora que chegar uma semifinal de Champions. Mas, ao longo da temporada, não será. Trará muito mais ganho que prejuízo. Porque dá uma qualidade insana na bola parada e na transição.
Transição é tudo para um time que tem Cristiano Ronaldo. E, se Benzema jogar o que está jogando (não dá nunca para confiar nessa premissa, porém), é difícil não levar pelo menos três desse Real Madrid.
James não faz o que Di María fazia. Isco não é Bale. Mesmo assim, foi um Real Madrid bastante superior ao Barcelona.
Com Messi, Neymar e Suárez, é óbvio que o Barcelona vai ganhar quase de todo mundo na liga espanhola e vai disputar o título com o Real Madrid, possivelmente ponto a ponto. Mas esse time, toda uma instituição, parece ainda estar amarrado entre o que foi e o que será.
O Real Madrid, por outro lado, voltou a ser o que sempre foi. Um time com atitude e postura de campeão.
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