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Julio Gomes

Nas pesquisas da bola, só o Chelsea sobe sem parar

Julio Gomes

02/10/2014 06h00

Tempos de pesquisas, de eleições, do voto. É fato que o momento é de muito pensar para todos os brasileiros. Há coisas bastante, bastante mais importantes que o futebol. Seria bacana, por exemplo, que as pessoas se lembrassem em quem votaram para deputado quatro anos atrás, não necessariamente se lembrassem de quem fez o gol naquele jogo X quatro anos atrás.

Mas como este é um blog de futebol, não de política, as pesquisas da vez serão sobre a Champions League e o início de temporada europeia.

Quem está subindo? Quem está descendo? Quem está empacado?

Lá vai.

SOBE SEM PARAR

Chelsea. Quem vai parar o time de Mourinho? E a pergunta não serve somente para a temporada atual, isso é que assusta. As contratações foram certeiras, o Chelsea simplesmente parece não ter pontos fracos. O segundo melhor goleiro da Europa (atrás de Neuer), defesa segura e alta, esse Matic, que faz todo mundo poder jogar à vontade, o Cesc Fàbregas que o Barcelona não soube aproveitar, brasileiros jovens e que praticam o futebol moderno, o talento de Hazard e… a cereja do bolo. Como mete gol o tal Diego Costa! Que erro cometeu Luiz Felipe Scolari ao não levá-lo para a Copa das Confederações, mamma mia. Tem banco, tem técnico, sabe jogar na retranca ou no ataque, tem competitividade. O único resultado estranho foi o empate na estreia da Champions. Mas vai ganhar o grupo sem problemas e já é, entre todas as ligas europeias competitivas, o time que lidera com mais folga para os concorrentes diretos pelo título.

 

SOBEM, MAS DEVAGARINHO

Juventus e Roma. É verdade que o futebol italiano caiu, perdeu nível, dinheiro e espaço. Mas Juventus e Roma parecem ter competitividade suficiente para a Champions League e ganharam todos os jogos que fizeram no Italiano. Se enfrentam no domingo. Quem ganhar, claro, pode ameaçar uma arrancada. Mas a Roma conseguiu um empate gigantesco em Manchester na terça, colocando o City contra as cordas. É um time que não pode ser desprezado.

Bayern de Munique. Nas casas de apostas, divide o favoritismo da Champions League com o Real Madrid. Mas não engrenou ainda. Está conseguindo vitórias sem brilho, vai levando a Bundesliga pela enorme superioridade que tem. Está claro que a filosofia de Guardiola está ali, só que ainda não vejo com a mesma clareza a satisfação dos jogadores em aplicá-la. É o melhor elenco da Europa, ganha jogos, mas ainda deixa uma pulga atrás da orelha.

Paris-Saint Germain. Ganhar do Barcelona, sem Ibrahimovic e Thiago Silva e dominando todas as facetas do jogo… foi uma demonstração de poder que deve fazer toda a diferença para o PSG daqui para frente. No Campeonato Francês, ainda está cinco pontos atrás do Olympique de Marselha de Bielsa. Mas o que importa para os donos ricaços é a Champions, e nela o PSG subiu alguns pontos nas pesquisas de opinião. Pode ser campeão europeu no ano que vem? Pode. Não dá para negar.

 

ESTAGNADOS

Real Madrid e Atlético de Madri. O Real teve um começo irregular de temporada, ainda tentando escapar desse fantasma chamado Di María. Para ganhar do glorioso Ludogorets, da Bulgária, quarta, precisou de algumas ajudinhas precisas da péssima arbitragem. Mas é o time de Cristiano Ronaldo, oras bolas. Ninguém pode duvidar do campeão da Europa. E nem do vice. O Atlético está parado nas intençõs de voto, e não subindo, porque já tropeçou nas duas ligas. Tropeços que não ocorreram no ano passado, quando Diego Costa estava lá para resolver jogos. As vitórias contra Sevilla e Juventus, no entanto, credenciam o time de Simeone a tudo novamente. Os dois times de Madri devem voltar a subir, mas, por enquanto, as campanhas deixam mais interrogações que certezas.

Arsenal. Parabéns, muito parabéns ao clube pelos 18 anos sob o comando de Arsene Wenger, completados nesta semana. O francês fez de um clube medíocre um dos exemplos de bom futebol na Europa. Hoje, todo mundo joga futebol de passe e qualidade, mas até bem pouco tempo atrás não era assim, não. No campeonato mais forte do planeta e contra clubes de imenso poderio financeiro, consegue todos os anos acabar entre os quatro e ir à Champions League. Mais uma temporada que começa relativamente bem e que deve terminar, no entanto, de forma parecida.

 

CAINDO

Barcelona. Trocar de técnico não é moleza. Trocar de goleiro não é moleza. Seguir sem zagueiros de confiança não é moleza. Ter um lateral que foi um dos grandes nomes do time por anos e que agora já desencanou não é moleza. Perder Xavi não é moleza. Ver Messi, ainda craque, ainda gênio, mas não com a mesma vontade e comprometimento, não é moleza. Esperar por uma completa adaptação de Neymar não é moleza. Mais um mês sem Luis Suárez não é moleza. O Barça lidera na Espanha, mas ainda parece o mesmo time apático do ano passado, é como aquele candidato que está liderando no primeiro turno, mas você sabe que não leva no segundo. A expectativa por Suárez é parecida com a expectativa por aquela denúncia que muitos querem ver na revista de sábado para mudar a eleição. Talvez expectativa demais, com doses de utopia. Será que o Barça voltará a subir?

Manchester United. Não está na Champions mas, como um dos cinco maiores clubes da história do futebol europeu, tem de estar na lista. É aquele candidato tradicional. Começo de temporada típico dos esquadrões montados pela metade. Um time espetacular do meio para frente, que comete erros bisonhos na defesa e compromete, assim, vitórias, pontuação e a chance de brigar com o Chelsea na Premier.

Borussia Dortmund. Era para ser o anti-Bayern, mas os resultados são horrorosos neste início de Bundesliga. Sem Lewandowski, a vida fica mesmo muito difícil. Compensou na Europa ganhando do Arsenal e encaminhando classificação. Ao contrário dos dois acima, não tem muita pinta de reverter a tendência de queda ao longo da temporada.

 

DESIDRATANDO

Manchester City e Liverpool. Disputaram o título inglês até o fim na temporada passada, mas na atual parece que verão o Chelsea de binóculo. Nem no segundo turno eles têm pinta de chegar. O Liverpool, que já havia operado um desses milagres lindos do futebol, não terá em Balotelli um novo Suárez. Os níveis são simplesmente diferentes demais. O City tem um timaço. Mas com lapsos de concentração incríveis, tanto ofensiva quanto defensivamente. O empate com a Roma em casa, pela Champions, deixa o time azul de Manchester contra a parede logo cedo na Europa. Terá de conseguir resultados em Roma e contra o Bayern no returno e, se passar, possivelmente será segundo no grupo, pegando pedreira nas oitavas de final. Está despencando nas pesquisas mas, claro, ainda há tempo para se recuperar. Ao contrário do Liverpool.

Milan e Inter. Falar mais o quê da dupla? Má gestão, contratações ruins, medidas desesperadas, resultados vergonhosos. Não disputarão título na Itália e têm pinta de que ficarão por um bom tempo fora do cenário europeu.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.