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Julio Gomes

Aos 40, milagreiro Ceni faz o maior jogo da carreira

Julio Gomes

23/10/2013 23h57

Claro, o jogo contra o Liverpool valeu um Mundial. Teve uma partida histórica também contra o Cruzeiro, acho, em que meteu gol, pegou pênalti. Tem até um vídeo do amigo André Plihal com o seis melhores momentos de Ceni, escolhidos por ele mesmo.

Mas a verdade é que eu nunca vi um jogo de Rogério Ceni maior do que o desta noite, no Chile. O São Paulo venceu a Universidade Católica por 4 a 3 e se classificou para as quartas de final da Sul-Americana.

Antes de falar de Rogério, um comentário. Muricy acertou quando poupou jogadores para a partida de ida, um mês atrás, com o time lá na rabeira do Brasileiro. E acertou em cheio também ao botar todo mundo para jogar a partida de volta, já que o rebaixamento deixa de ser uma realidade para o São Paulo. A coisa já está acertada no Brasileiro, o São Paulo tem, na Sul-Americana, a chance de ouro (e inimaginável, meses atrás) de estar na Libertadores-2014. Deveria, nesse momento, poupar todo mundo que precisa ser poupado no Brasileiro e ir com tudo na Copa.

Aloisio fez dois gols e deu passe de gol, Ganso contribuiu com as assistências que vêm sendo frequentes. Douglas deu dois gols de graça. Tudo isso é verdade. Tem algumas histórias nesse jogo, algumas tradicionais, outras nem tanto.

Mas não haveria classificação, talvez houvesse até goleada da Católica, não fosse Rogério Ceni. "O jogo do Mundial, teoricamente, é o mais importante da história do clube. Mas fiz boas defesas hoje", disse ao microfone de Fernando Caetano, ótimo repórter do Fox Sports.

Desculpa, Rogério. Boas defesas você fez em outras partidas por aí.

Nesta quarta, 23 de outubro, data de aniversário de Pelé, Rogério Ceni fez cinco MILAGRES no Chile. E ainda algumas outras boas defesas.

Fazer gol não é obrigação de goleiro, é um bônus. Defender pênalti tampouco, é um "plus a mais". Defender durante o jogo, estar bem posicionado, sair bem do gol, fazer virar escanteio aquele gol certo do outro time… é isso o que fazem os goleiros gigantes.

Rogério Ceni não precisava desse jogo no Chile para se aposentar como um gigante. Mas nada como fazer a melhor partida da carreira tecnicamente. Com reflexo para dar e vender. Aos 40. Um jogo pode ser mais importante, outro menos, um mais relevante, um mais emocionante. Tem para todos os gostos. Para o meu, esse aí foi o maior do Mito.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.