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Julio Gomes

Lusa 7 x 2 São Paulo, 15 anos depois. Um gol que traçou destinos

Julio Gomes

20/09/2013 13h15

20 de setembro de 1998. O Pacaembu, 15 anos atrás, foi o palco de uma das maiores vitórias da história da Portuguesa, um dos grandes vexames da história do São Paulo, que acabou com demissão de técnico Nelsinho Baptista e caça às bruxas no clube. Há 15 anos, a Lusa enfiava 7 a 2 no São Paulo, pela 17a rodada do Campeonato Brasileiro.

Para os são-paulinos, acostumados com títulos de expressão, aquela foi uma tarde a ser esquecida. Para os lusitanos, carentes de conquistas, jogos assim são isolados do contexto e ganham o mesmo tamanho de títulos. Não saem da memória e dos cânticos no Canindé.

Os clubes viviam fases completamente distintas. A Portuguesa, entre 95 e 98, teve seus anos mais consistentes desde a década de 50 – e que nunca mais voltariam a se repetir. Melhor time do Paulista-95, vice-campeã nacional em 96, classificada para a fase decisiva do Brasileiro em 97, semifinalista do Paulista e do Brasileiro em 98. Vinha da famosa vitória de 3 a 2 sobre o Flamengo, no Maracanã, aquela em que Kléber Leite prometera devolver o dinheiro para a torcida em caso de derrota. Já o São Paulo estava um ponto acima da zona de rebaixamento, vivendo aqueles anos de entresafra, escuridão e nenhum título de superexpressão, entre as Libertadores de 1993 e 2005.

O São Paulo era o campeão paulista de 98. Mas a Portuguesa havia sido roubada pelo árbitro argentino Javier Castrilli na semifinal, contra o Corinthians. O duelo de 20 de setembro de 98, o dos 7 a 2, deveria ter acontecido meses antes, na decisão estadual. Para os jogadores da Lusa, aquele jogo do Pacaembu, sob chuva, era a chance de mostrar o que teria acontecido na finalíssima, caso ela tivesse participado, como deveria.

"A gente tem certeza que aquele ano a gente ia ser campeão", conta a este blog o volante Ricardo Lopes, que ficou famoso por fazer o sexto da goleada com um chute do meio do campo. "Tanto que a diretoria da Portuguesa pagou o prêmio do Paulista como se a gente fosse campeão. De novo, a Portuguesa foi campeã moral. Mas a gente queria ser campeão com troféu e tudo. Foi uma das melhores épocas da Portuguesa, que vai ser guardada e a gente vai levar para sempre. Aquele jogo do 7 a 2 aconteceu quando vivíamos essa fase muito boa."

Para relembrar a data, o blog conversou com Ricardo Lopes e também com o goleiro Roger, que defendia o São Paulo naquela partida, substituindo um lesionado Rogério Ceni.

Nelson Ricardo Lopes, 36 anos, ainda joga. Voltou à cidade natal e atuou neste ano na quarta divisão do futebol paulista pelo XV de Jaú. O time, comandando pelo técnico Doriva, ficou a um ponto de subir para a Série A-3, a terceira divisão. Roger José de Noronha Silva, 41 anos, também voltou à cidade natal, a pequena Cantagalo, na região Serrana do Rio de Janeiro. Mas joga em um campo completamente diferente agora. Lá, foi vereador pelo DEM entre 2008 e 2012. Se transferiu para o PC do B, onde concorreu à prefeitura do ano passado – teve 2112 votos e perdeu a eleição. Mas está mais do que ativo na política, onde promete permanecer por anos, mantendo a tradição da família.

"Minha família toda sempre esteve envolvida com política, está no sangue mesmo, está na veia, é uma coisa que sempre almejei", conta Roger. Já Ricardo Lopes… "Como eu sou muito conhecido aqui em Jaú, o pessoal me fala para eu ser candidato a vereador. Mas da política estou totalmente fora, não combina comigo. Se eu me meter com política, é capaz que leve tudo embora, tudo o que eu fiz no futebol seja destruído."

Ricardo Lopes ainda colhe os frutos do gol do meio do campo, ganhando apostas contra a molecada da base do XV de Jaú. São constantes os desafios para que ele repita o feito. Já Roger não é assombrado pela goleada. Segundo ele, o que perdura até hoje é o gol de barriga de Renato Gaúcho, que tirou dele e do Flamengo o título carioca de 95. Uma rápida conversa sobre o polêmico ensaio de fotos para a revista G Magazine, em 1999, releva uma mágoa que perdura pela atitude de Paulo César Carpegiani, técnico são-paulino na época. Roger conta que um adversário político já ameaçou desenterrar as tais fotos. Acabou recuando. "Queria mais que ele fizesse, acho que me traria votos!".

Este blog, agora, faz uma viagem no tempo. Para aquele dia 20 de setembro de 15 anos atrás. E chega aos nossos tempos, em que dois esportistas, que o destino juntou naquele dia no Pacaembu, hoje vivem realidades tão diferentes. E tão próximas, mais do que parece. Os dois em cidades pequenas, de volta às origens, fazendo o que gostam, trabalhando muito e ganhando pouco, sem holofotes, em busca da coisa mais pura que existe na vida: a realização do desejo imediato através do que lhes dá prazer.

Começamos, pelo jogo, depois vamos aos depoimentos. Aqui está o link para o vídeo, para os que quiserem relembrar os gols daquele São Paulo 2 x 7 Portuguesa. Neste link, a narração dos melhores momentos na voz de José Silvério, o maior narrador de todos os tempos, à época da Rádio Jovem Pan.

A ficha técnica:

SÃO PAULO
Roger; Zé Carlos, Rogério Pinheiro, Bordon e Serginho; Alexandre (expulso aos 19min do segundo tempo), Fabiano, Sidney (Souza) e Carlos Miguel; França e Dodô (Marcelinho Paraíba). Técnico: Nelsinho Baptista.

PORTUGUESA
Fabiano; Alex Lopes, César, Emerson e Augusto; Ricardo Lopes, Carlinhos, Alexandre (Cesinha) e Evandro; Evair (Da Silva) e Leandro (Aílton). Técnico: Candinho.

GOLS
Emerson, aos 23, César, aos 26, Leandro, aos 29, e Carlinhos, aos 31 do primeiro tempo; Evandro, aos 22, Ricardo Lopes, aos 24, e Da Silva, 44 do segundo. O São Paulo descontou com Serginho, de pênalti, aos 33, e Marcelinho Paraíba, aos 35 do segundo tempo, antes de levar o sétimo gol.

ÁRBITRO
Antônio Pereira da Silva (GO)
RICARDO LOPES, O HOMEM DO GOL QUE PELÉ NÃO FEZ

"Eu já tinha jogado pela equipe profissional da Portuguesa, mas não era conhecido. Fiquei conhecido a nível nacional, né. Quando passei pelo Inter, fui campeão da Sul-Americana, em 2008, mas o gol contra o São Paulo foi único. Foi um clássico, dificilmente acontece uma goleada de sete. Eu, de pequeno, todo mundo era são-paulino na família. Sou da fase de 92, 93, quando ganhou o Mundial. Não era fanático, que nem os outros familiares. Mas naquele dia todo mundo era Portuguesa, porque era o time em que eu jogava. Depois do jogo, fui direto para Jaú. Tinha imprensa, amigos, soltaram fogos, foi a maior festa. Na segunda-feira, não teve sossego, todo mundo querendo entrevista para os programas da região."

Ricardo Lopes era uma espécie de curinga da Portuguesa de Candinho. Um time que tinha os selecionáveis César e Emerson na zaga, Evair e Leandro Amaral no ataque. Naquele jogo, Lopes foi titular pela ausência do titular Simão no meio de campo.

"Foi um lance de sorte. Era uma dividida, a intenção foi chutar em direção ao gol, mas o goleiro estava adiantado. Na semana seguinte, fizeram até reportagem para o Fantástico, só que eles queriam a batida do mesmo jeito que foi no jogo. Só que eu bati meio de peito do pé… de 10 acertei 3 ou 4."

Foi Doriva Bueno, hoje técnico no XV de Jaú, que contou ao blog que os treinos do time interior são marcados pela garotada da base constantemente desafiando Ricardo Lopes a meter a bola do meio de campo. 15 anos depois, aquele gol convive com o jogador. "Os garotos lembram, sim. De vez em quando no início do trabalho ele pega a bola lá no meio de campo e mostra para os meninos como bater. Eles adoram", relata Doriva.

"Eles apostam comigo. Geralmente, quando eu bato, eu faço. Teve uma semana que eu perdi a aposta, mas no dia seguinte eu dobrei, 100 reais. Fui lá e meti", se diverte Ricardo. "Por todos os times em que passei, o pessoal lembrava do gol. Nem sempre no começo, mas conforme a gente ia convivendo, vendo um jogo do São Paulo ou da Portuguesa, alguém lembrava… 'pô Ricardo, foi você que fez o gol do meio do campo!'. Foi marcante, né? Mandaram o técnico embora, afastaram alguns jogadores… Eu tenho aquela camisa até hoje em um quadro na minha edícola, aqui em Jaú."

Ricardo Lopes ficou seis anos na Portuguesa, depois de ter sido visto por Candinho em uma partida dos juniores do Juventus – aos 18 anos, ele veio de Jaú para a capital. Pegou a fase ótima, em 97 e 98, jogou com Zagallo, em 99, e enfrentou o rebaixamento, em 2002. Foi quando saiu do clube, como tantos outros, por não receber salários.

"Quando eu cheguei, era uma época que você não se preocupava com as coisas fora. O respaldo conta muito no futebol. Terminou o ano de 2002 com muita coisa atrasada. Essas coisas atrapalham o jogador. Eu acompanho sempre a Portuguesa, virei um torcedor, tenho amigo até hoje. Tenho certeza que vai escapar (do rebaixamento). Desses últimos anos, esse atual é um dos mais fortes que eu vi na Portuguesa, acho até que vai brigar lá por Sul-Americana. Aqui em Jaú, até hoje eu vejo gente com a camisa da Lusa andando na rua, já toda desbotada, porque era da minha época. Muita gente me fala na rua que passou a torcer pela Portuguesa por minha causa."

Hoje, aos 36 anos, Ricardo Lopes está na dúvida. O salário no XV de Jaú, segundo ele, "não paga nem a escola da filha". Mas não joga pelo dinheiro, o salário, mesmo que baixo, é só por "motivação". A média salarial do clube gira entre 1200 e 1500 reais mensais, uma realidade bastante diferente das divisões de elite do futebol brasileiro.

"Sempre fui um cara muito querido na cidade, enquanto eu estiver bom pra correr, eu quero ajudar o clube de alguma forma. O pessoal brinca aqui que é o Ricardo e mais dez, corro mais que os moleques. Gosto de dar o exemplo. Se eu estiver motivado pro ano que vem, vou ajudar de alguma forma. Quero estar ajudando o Doriva, que é um cara muito honesto e bacana". Os elogios são recíprocos: "Já conhecia o Ricardo, mas não de trabalhar junto", conta Doriva. "Quando comecei a montar o time para a quarta divisão, surgiu o nome dele e a gente começou um trabalho juntos aqui. É uma excelente pessoa, ótimo profissional, ajudou muito a gente aqui e teria condições de jogar em qualquer outro clube. Treina muito, está sempre puxando fila, machuca pouco, é muito dedicado. O Ricardo faz parte do nosso projeto para 2014, depende só dele".
ROGER, O RESERVA DE CENI, AGORA É O "DOUTOR" ROGER NORONHA

Se Ricardo Lopes resolver pegar o carro para fazer uma visitinha a Roger, vai ter chão pela frente. Jaú e Cantagalo são separadas por 818 km. Segundo o Google maps, seriam necessárias nove horas e meia para fazer o trajeto. Como conhecemos nosso trânsito e estradas, podem botar aí o dia inteiro de viagem. Em Cantagalo, Ricardo iria encontrar o "doutor" Roger Noronha, ex-vereador da cidade, candidato a prefeito derrotado no ano passado, ativo nas causas sociais de toda a região, em busca de projetos que tragam o esporte à região Serrana do Rio.

Roger surgiu no Flamengo, onde passou 11 anos, e depois foi para mais 9 no São Paulo. Ficou conhecido como o eterno reserva de Rogério Ceni. Foi entrar em campo justo quando não devia, para levar 7 da Portuguesa.

"Nos tempos de São Paulo ocorreram muitas propostas, mas eu estava feliz, satisfeito. Eu sabia da qualidade que eu tinha, podia, quem sabe, almejar uma seleção brasileira, algo assim, mas eu estava me sentindo bem. E uma coisa que me cativou é que a torcida, do lado de fora, sempre me apoiou. Eu tinha o meu espaço, era importante não na reserva do Rogério, mas importante para o grupo. Discutia os bichos, me perguntavam na preleção o que eu achava… Me sentia importante no São Paulo como todo. Era uma situação difícil para mim, porque substituir o Rogério era complicado. Isso me fazia treinar mais, eu tinha essa exigência para substituir bem, era importante na hora de renovar contrato. E ele sabia que não podia dar brecha, eu exigia o máximo dele", contou Roger ao blog.

A conversa aconteceu entre 11 e meia e meia-noite e meia. Nada que incomodasse. "Não vou dormir sem ver o Jornal da Globo e o do SBT". Vida de político é diferente.

A Rogério Ceni, só elogios. "Por mais que não precisasse, o Rogério sempre foi o primeiro a chegar e o último a sair do campo, ele é o profissional que o Brasil todo agora está procurando. E sempre assumiu a responsabilidade pelos erros, coisa que não é comum no futebol. Em 1200 partidas pelo São Paulo, ele teve o quê? 20 ou 30 jogos em que falhou? É pouquíssimo, muito pouco em comparação com o que ele jogou. Em um clube do tamanho do São Paulo, essa regularidade dele é muito importante. Ele poderia muito bem nessa fase não bater mais os pênaltis, mas a característica dele é assumir o peso da responsabilidade em todos os momentos."

Sobre o 7 a 2, Roger consegue tirar lembranças positivas. O medo do que poderia acontecer se dissipou pelo apoio recebido após a partida – em que, diga-se de passagem, ele realmente não teve culpa pela goleada.

"Aquele dia foi atípico. O Rogério estava machucado. Quando começou o jogo, tivemos uma ou duas expulsões… o Bordon ou Belletti, assim com 5 minutos do primeiro tempo…"

(Aqui, Roger se engana. O São Paulo teve o volante Alexandre expulso aos 19 minutos do segundo tempo, quando o placar já era de 4 a 0 para a Portuguesa).

"Era o Nelsinho, o treinador. Lembro que a gente chegou no vestiário e o Nelsinho me pediu para jogar de líbero. Vou deixar no mano a mano e te deixar na sobra. Foi assim que saiu o gol do meio de campo, eu estava adiantado pelo risco que a gente precisava correr. Lembro que botaram o Ricardo Lopes para fazer a mesma coisa no Canindé depois e ele não acertou nada! Eu estava triste, chateado, sabia que era inevitável a saída do Nelsinho, um cara muito bacana, correto, que eu gostei de trabalhar… não sabia até onde teria consequência uma derrota como aquela. Mas, na hora de entrar no ônibus, a torcida gritou meu nome e isso foi muito gostoso. Vaiaram alguns jogadores, mas bateram palma na hora que eu passei, por mais que tivéssemos perdido daquele jeito. Tanto que eu continuei no clube, meu espaço foi o mesmo, cada vez eu ficava mais apaixonado pela torcida pela cumplicidade que nós tínhamos."

Depois, no ano 2000, Roger foi parar justamente na Portuguesa para a Copa João Havelange. "O pessoal comentava, perguntava… 'você que estava no gol naquele jogo?'.. era eu, era eu. Teve brincadeira naquela época. Mas não ficou marcado. O que perdurou até hoje foi o gol de barriga, não tem jeito. Pelo São Paulo, o 7 a 2 foi o meu pior momento. Mas na carreira foi o gol de barriga do Renato Gaúcho, em 95. Era meu primeiro ano de titular do Flamengo e tomar o gol daquele jeito…" (o Fluminense acabaria sendo campeão carioca com o imortalizado gol de barriga de Renato Gaúcho).

O outro momento ruim no São Paulo foi em 1999, quando Roger causou polêmica ao posar nu para a revista G Magazine. Acabou sendo barrado pelo então treinador, Paulo César Carpegiani, e foi emprestado ao Vitória da Bahia. O ex-goleiro conta que o caso voltou à luz recentemente, às vésperas da corrida eleitoral para a prefeitura de Cantagalo.

"Em momento nenhum me arrependo, foi uma coisa pensada e trabalhada. O que me pegou de surpresa foi a atitude do Carpegiani na época. A torcida do Corinthians sempre foi mais brava e exigente que a do São Paulo… teve o Dinei, o Vampeta e não tinha dado nada, achei que fosse ser tranquilo, sem problema algum. Deu aquela polêmica toda por causa do Carpegiani, uma atitude que pouca gente entendeu. Hoje ele alega que o Roger não contou, fez escondido… e não tinha cabimento. Tanto que em 2001, quando ele tinha saído, eu voltei e fiquei mais quatro anos no São Paulo. Foi uma decisão pessoal dele que ele tentou dividir a culpa com a diretoria. Recentemente surgiu até uma coisa engraçada em Cantagalo, me falaram que meu adversário ia usar as fotos (na campanha)… eu estava até querendo que fosse usado, pelo preconceito que ia ficar exposto. Acho que ia me gerar votos. Por que o filho homem pode levar a playboy para casa e a mulher não? Esse tipo de pensamento é legal para fazer a gente evoluir mesmo. Às vezes eu teria mais voto, quem sabe, queria que tivesse usado! (rs)".

POLÍTICA

A entrada na política foi via DEM e Rodrigo Maia, mas Roger decepcionou-se com a ausência de olhos para o interior do Estado. "Foi quando aconteceu o processo todo de Copa e Olimpíada… veio um dos assessores do Orlando Silva no Rio e me procurou em Cantagalo. O Brasil vai reestruturar o esporte, estamos buscando pessoas ligadas ao esporte e à vida social. Eu queria ser candidato a prefeito e me pareceu uma boa oportunidade. Estou fazendo o trabalho do PC do B crescer por aqui, ficar conhecido nos municípios, criar projetos, isso me motivou muito. É um trabalho de fazer as pessoas entenderem mais o PC do B. O Brasil não é um país igual, bem dividido. Não queremos que seja uma Cuba, uma Venezuela, mas não pode ficar como está. Precisamos de mais igualdade, trazer isso através da política é muito interessante. No Estado do Rio todo, temos só 29 vereadores, não está do tamanho de um partido de 90 anos. É um trabalho árduo, mas é muito cativante."

"Uma coisa que ficou marcante é ver a dificuldade que é trabalhar no legislativo estando em um palanque diferente do prefeito. Na prática, nenhuma das minhas indicações foi executada. O ideal, para a população, seria que todos trabalhassem em conjunto. Precisei correr em outras direções, trouxe aqui para Cantagalo dois projetos Rio-2016, do governo do Estado (que agora estão suspensos), e era colaborador de uma ONG que minha esposa trouxe a Cantagalo, sem apoio de poder público. Tive que dar um jeito, sem depender da prefeitura, para fazer o que dava para fazer. No futebol, você joga numa equipe, num coletivo, mas só depende de você para fazer tua parte. Naquele jogo de 7, saí aplaudido de campo. Fiquei triste, magoado, fica aquela manchinha na carreira, mas fiz minha parte. Na política, as pessoas fecham tua porta, o executivo não executa tua indicação e isso atrapalha muito. O prefeito que estava no mandato sabia das minhas pretensões políticas, então independente do Roger querer ajudar, não posso deixá-lo crescer politicamente, porque daqui a alguns anos será meu adversário. No futebol, os companheiros querem mais que você feche o gol e garanta o resultado. A política é diferente."

Roger guardou elogios para Romário. "Foi uma surpresa positiva, muito grata. Estive com ele ano retrasado, jogamos uma partida beneficente em Queimados, aqui no Rio, parabenizei pelo trabalho dele. Romário sempre foi inteligente. Ficou claro que, para ser um bom político, você não precisa conhecer tudo, mas tem que se cercar de pessoas de qualidade. O grupo que ele montou para assessorá-lo é muito bom, tenho certeza que ele ainda terá muitos frutos na política."

E críticas para a gastança da Copa, sem fiscalização e punições. "Existe uma coisa enraizada no Brasil, o querer tirar vantagem em tudo. O Brasil é grande demais, é difícil de controlar tudo, mas não podemos deixar de fazer as coisas porque algumas pessoas querer levar vantagem em tudo o que acontece. Precisamos é dos vários setores para fiscalizar e de punições definitivas. Tem que haver cadeia, prisão, que seja punido quem rouba, aí as pessoas vão ficar com medo de entrar na política com a lógica do 'é mais fácil roubar, ganhar dinheiro'. Mas a gente não pode parar de executar, fazer, tem que ir atrás de prender quem comete as irregularidades."

Apesar de ser do mesmo partido do ministro Aldo Rebelo, ele não está envolvido com nada relativo a Copa e Olimpíada. "Tive contato com o Aldo, ele até brincou comigo que me xingou muito no Morumbi, já que é palmeirense. Estamos estudando o que se encaixa esporte, lazer, parcerias que podem ser feitas entre as prefeituras da região com o ministério. Estou gostando muito desse desafio, do contato com as prefeituras da região."

 

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.