São Paulo de Muricy, sem brilho, mas com pontos. E as verdades de Ceni
O São Paulo não foi empolgante nesta quinta festiva, no Morumbi. Não acelerou o jogo, não envolveu a Ponte Preta, não construiu seguidas chances de gol. O que ele fez, que não vinha fazendo, foi chutar mais a gol. Encontrou Luis Fabiano algumas vezes, decorrência também da péssima marcação de um time que perdeu o sétimo jogo seguido e está virtualmente rebaixado no campeonato.
(Aqui, vale o curto parênteses. Para se salvar no Brasileirão, tem que fazer 45 pontos. Se a Ponte fez 15 em um turno, não vejo razão alguma para acreditar que fará 30 no outro, dobrando o rendimento. Está quase tão condenada quanto o Náutico.)
Luis Fabiano foi errático no primeiro tempo, mas resolveu no segundo. Batendo de primeira, coisa que sempre fez, mas não ultimamente. Ganso jogou bem, Muricy ajudou liberando os laterais e abrindo buracos para ele no meio de campo. Considero Jadson um jogador mais completo que Ganso, mas não sou eu quem decide alguma coisa no São Paulo.
Depois do 1 a 0, o time recuou, deu campo para a Ponte Preta, passou ali por um sufoco desnecessário por 10 minutos. Correu risco, porque está claramente com medo e precisa se segurar aos resultados, por mais mínimos que sejam. Depois, com Jadson e Negueba, desafogando no contra ataque, a coisa melhorou.
Foi sofrido. Teve uma bola da Ponte Preta que tocou no travessão. Duas semanas atrás teria entrado, diria aquele que acredita nessas coisas. Mas, a essa altura, o que importa mesmo para o São Paulo é conseguir pontos. Muricy não podia ter estreado de forma melhor, com a enorme pressão minimizada pela vitória e, claro, com o apoio da arquibancada cheia.
Mas o que eu gostei mesmo, já que o futebol não foi nada disso, foi de ouvir a entrevista de Rogério Ceni após a partida. Com palavras lindas a esse grande profissional que é Paulo Autuori, mais uma vítima desse regime amador de gestão que impera no futebol brasileiro.
"Muricy e Paulo são caras especiais, não são caras para ficarem dois meses no São Paulo. A vinda do Paulo foi o resgate de coisas que haviam sido deixadas para trás. O resgate moral da instituição. São caras como o Muricy, como o Paulo, que temos que respeitar. Telê morreu, Paulo nós matamos. Temos que cuidar dele (Muricy)."
Mudar técnico é o recurso fácil para um dirigente de futebol. Ele não é penalizado por seus erros, tanto na má contratação quanto na má demissão. Está claro que o buraco do São Paulo é mais em baixo, é político e institucional, mas sobra para um técnico, depois para o outro, depois para o outro.
Paulo Autuori, segundo contou Rogério Ceni, não pôde nem mesmo se despedir do elenco. Uma tristeza. Depois que esse furacão passar, será a hora de o São Paulo calçar as sandálias da humildade, talvez pela primeira vez na história, e repensar muita coisa. Porque o São Paulo agiu e tem agido, ao longo do ano, como todos os outros coirmãos, a quem sempre olhou de cima para baixo.
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