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Julio Gomes

Brasileirão, afinal, chega a um G-4 real. E com pouca margem de mudança

Julio Gomes

18/08/2013 23h31

Botafogo, Cruzeiro, Corinthians e Grêmio. O Campeonato Brasileiro precisou de 15 rodadas e uma pausa de um mês para chegar a um G-4 "real". Ou seja, com clubes que, de fato, tem potencial para chegar ao título ou à Libertadores.

Vendo a tabela de classificação do campeonato, acredito que somente o Internacional tem como tirar um destes quatro das quatro primeiras posições ao final da disputa. Contando que o Inter tem um jogo a menos "ganhável", contra o Santos, ele poderia estar com os mesmos pontos de Corinthians e Grêmio.

Agora, o bicho começa a pegar e veremos se teremos uma arrancada de alguém ou se a coisa será ponto a ponto. Importante notar também em que nível a Copa do Brasil pode atrapalhar. Pelo sorteio, Corinthians e Inter podem comemorar e jogar as oitavas de final sem grandes esforços. Parece pouco, mas são dois jogos duríssimos a menos que os concorrentes.

Dos cinco, sigo achando o Corinthians o mais forte, pelo tamanho do elenco. Mas à parte o Inter, que empatou, o Corinthians foi quem mais sofreu e só garantiu três pontos em casa, contra um Coritiba repleto de desfalques, por causa da arbitragem.

Aliás, não quero me alongar. Mas os pênaltis marcados para Corinthians e São Paulo, aos 45 minutos do segundo tempo, são um atentado à competição. Dar pênalti no último minuto é decidir o jogo. E decidir o jogo em lances frágeis como estes, não é legal. Alguns vão dizer que "falta é falta", não importa se é "pouco falta" ou "muito falta". Realmente, a regra não determina isso. O que determina isso é o bom senso, e arbitrar um jogo de futebol exige muito bom senso. O que mais falta aqui é o bom senso de não querer aparecer, e tudo o que um juiz não pode ser é protagonista da partida. A arbitragem brasileira precisa de critério, de reciclagem, de mais competência. É erro demais para um campeonato só. Em tempo: não acho que foi "pouco falta" no Pacaembu e em Brasília, simplesmente não foram lances faltosos.

Voltando ao campeonato.

Atlético-PR e Coritiba, por mais perto que estejam no G-4, não terão fôlego, creio, para brigar ali. Infelizmente, é a realidade do futebol brasileiro e sua distribuição absurda de renda. Com o tempo e a ótima administração financeira que têm, os dois times de Curitiba serão menos e menos ameaçados de rebaixamentos, mais e mais fortes para brigarem por coisas maiores. Ainda não é a hora. A prova está aí: com seus vários desfalques, o Coritiba fez um ponto em nove. É dureza repor.

Pela mesma razão, não vejo Vasco, Flamengo, Fluminense, Atlético Mineiro, Santos e São Paulo verdadeiramente na briga contra o rebaixamento. O Santos ainda pode deslizar, pelo jovem time que tem. O São Paulo, claro, está lá em baixo agora e uma série de maus resultados pode transformar a luta contra o Z-4 em algo mais dramático. Mas não vejo. São Paulo já poderia/deveria ter vencido Flamengo e Portuguesa, seu jogo melhorou. Pela tabela difícil, acabará o turno entre os quatro últimos. Mas logo irá se recuperar.

Minha classificação REAL na luta contra o rebaixamento tem: Vitória com 22, Goiás com 21 (vitória crucial em Campinas), Bahia com 20 e, o Z-4 real, com Ponte Preta (15), Criciúma (14), Portuguesa (13) e Náutico (8). Destes, a Lusa é quem tem jogado melhor desde a chegada de Guto Ferreira. Quem tem caído muito é o Bahia, há quatro jogos sem marcar.

Mas vejam como Vitória, Goiás e Bahia abriram uma folga importante e, considerando que são necessários 45 pontos para se salvar do rebaixamento, os três devem virar o turno com uma parcial favorável. Sem dúvida, Ponte Preta, Criciúma, Lusa e Náutico são os favoritos absolutos para a Série B. Será que haverá um novo Palmeiras? Algum grande vai se complicar? Olhos no São Paulo, claro, mas sigo duvidando.

 

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.