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Julio Gomes

Neymar e Paulinho na Europa, os dois lados da moeda

Julio Gomes

04/07/2013 11h05

Neymar, Paulinho e Fred. Não há muita discussão, estes três foram os maiores nomes do Brasil na Copa das Confederações. Sim, outros se destacaram positivamente, como Júlio César, como o ótimo Luiz Gustavo, mas ficaram um degrauzinho abaixo. O que eles têm em comum? Neymar, Paulinho e Fred foram os únicos titulares da seleção que atuam (ou atuavam) no futebol brasileiro.

Enquanto os jogadores que atuam na Europa chegam ao meio do ano destruídos ao final da temporada, os que atuam no Brasil estão ainda no meio dela, em boa ou ótima forma física. O fator físico, todos sabemos, pode ser decisivo em uma competição curta como a Copa do Mundo.

Em 2002, quem não se lembra? Além de Marcos, jogavam no time titular os "brasileiros" Gilberto Silva e Juninho (depois, Kleberson). Os meio-campistas eram os malucos que mais corriam para compensar a liberdade que tinham os três Rs lá na frente. Ronaldo e Rivaldo não atuavam no Brasil… e nem na Europa! Haviam passado a temporada toda machucados, eram as apostas de Felipão para o Mundial. Enquanto Zidane e outras estrelas da época chegaram à Copa baleados, os brasileiros chegaram tinindo.

Salvo lesões ou algo muito diferente, não vejo grandes chances de mudanças no time da Copa das Confederações para a Copa. Claro, um ano é muito tempo. Mas Felipão formou um time, o time correspondeu e ele costuma manter quem está entregando resultados. Hoje, pensar que o time da Copa possa ser diferente é especulação pura.

Não acredito na volta de Fred para a Europa. Ele está bem no Fluminense, com ótimo salário em um bom clube e, convenhamos, poderá se poupar durante todo o primeiro semestre do ano que vem (Estaduais…).

Mas Neymar e Paulinho já saíram. O que isso significa?

O lado negativo é o físico, sem dúvida. Ambos terão uma dura temporada, é sempre complicada a primeira temporada na Europa. São métodos de treinamento diferentes, outro tipo de exercício, de alimentação, de idioma. E, claro, o ritmo dos campeonatos de lá, que é muito mais intenso do que aqui no Brasil, onde os jogos são mais cadenciados. Para Paulinho, que vai atuar na Premier League, será outro mundo.

O corpo de Paulinho vai mudar. O corpo de Neymar também. As férias serão reduzidas. O ano será duríssimo. A ver como chegarão ao meio de 2014.

Tem o outro lado da moeda, o lado positivo. Vão aprender demais por lá, especialmente na parte tática. A Copa do Mundo será disputada, nos grandes jogos, em pouco espaço e com muita velocidade. A nítida evolução de Oscar será vista em Paulinho, por exemplo. Neymar enfrentará defesas mais compactadas, terá muito menos situações de um contra um com campo para correr e driblar, como tinha no Santos.

Vão, nos treinamentos e jogos, conhecer características reais de outros jogadores que, em 2014, possivelmente enfrentarão na Copa. Treinando com Piqué, só para citar um exemplo, Neymar vai aprender muito sobre um potencial rival. Esses pequenos detalhes podem fazer diferença.

O que falará mais alto? A evolução tática de Paulinho e Neymar? Ou o cansaço de final de temporada? São as duas caras de uma mesma moeda. Só saberemos no ano que vem…

Sobre o Autor

Julio Gomes é jornalista esportivo desde que nasceu. Mas ganha para isso desde 1998, quando começou a carreira no UOL, onde foi editor de Esporte e trabalhou até 2003. Viveu por mais de 5 anos na Europa - a maior parte do tempo em Madrid, mas também em Londres, Paris e Lisboa. Neste período, estudou, foi correspondente da TV e Rádio Bandeirantes e comentarista do Canal+ espanhol, entre outras publicações europeias. Após a volta para a terrinha natal, foi editor-chefe de mídias digitais e comentarista da ESPN e também editor-chefe da BBC Brasil. Já cobriu cinco Copas do Mundo e, desde 2013, está de volta à primeira das casas.

Sobre o Blog

Este blog fala (muito) de futebol, mas também se aventura em outros esportes e gosta de divagar sobre a vida em nossa e outras sociedades.