Dante e Luiz Gustavo, as vítimas de quem não joga bola
Na briga entre CBF e Bayern de Munique, há somente duas vítimas. Dante e Luiz Gustavo. Eles são os grandes prejudicados da queda de braço que vimos e vemos ao longo da semana. Não jogarão a final da Copa da Alemanha e, muito provavelmente, também não jogarão o amistoso contra a Inglaterra, domingo.
As partes todas parecem ter razão. A CBF baseia-se em regulamentos da Fifa, que obriga os clubes a liberarem jogadores duas semanas antes de uma competição oficial. O Bayern não tem culpa de a Federação Alemã ter marcado a final da Pokal, a Copa da Alemanha, para tão tarde.
Logicamente, a culpada única da história toda aí é a Federação Alemã. Quero acreditar que o jogo tenha ficado para tão tarde devido à presença dos alemães na Champions League. Enfim, ninguém fez por mal ou amadorismo, a coisa simplesmente aconteceu.
Muita gente falou que a CBF teve dois pesos e duas medidas ao não liberar os rapazes do Bayern e, sim, liberar Neymar para ser apresentado no Barcelona, segunda-feira.
Discordo.
Neymar joga no domingo e só depois viaja a Barcelona. A segunda é um dia praticamente livre, de viagem a Goiânia, e ele perde o treino da manhã de terça-feira. É corrido, cansativo e tudo o mais, mas é praticamente um dia de folga. Não estou fechando os olhos para a relação "próxima" (chamemos assim) da CBF com a Nike e com o Barcelona de Sandro Rosell. Mas acho o caso bastante diferente dos de Dante e Luiz Gustavo.
Se fossem liberados para jogar sábado, chegariam no domingo e perderiam o amistoso contra a Inglaterra. Além do mais, há vários jogadores dos clubes brasileiros que teriam compromisso no fim de semana. Na cabeça da comissão técnica da seleção, seria um equívoco deixar os clubes brasileiros desfalcados e o Bayern, não.
Se dependesse de mim, e obviamente isso tudo está longe de depender de mim, Dante e Luiz Gustavo seriam liberados para jogar sábado. O amistoso de domingo é apenas começo de trabalho e eles não são peças fundamentais. Além do mais, enquanto eles perderão uma final de campeonato, com possibilidade de uma tríplice coroa inédita na história do futebol alemão, os jogadores de clubes brasileiros iriam perder apenas a terceira rodada do campeonato. Não dá para comparar a relevância.
O que eu não gosto na história?
Não gosto de um discurso que coloca os jogadores contra a parede. "Seleção é mais importante, eles podem ajudar na queda de braço com o clube", esse tipo de coisa. Esse apelo ao patriotismo barato, essa coisa de o país acima de tudo. Não gosto.
Isso é injusto e incorreto. É uma covardia, até. Temos de parar de colocar a seleção acima dos clubes, o convívio é necessário. Pedir isso a um jogador de futebol é que nem pedir para que ele responda quem ama mais, o pai ou a mãe.
Oras, todos amamos o pai e a mãe de maneira diferente, mas com a mesma intensidade.
De um lado, a seleção brasileira, o auge, o sonho do jogador. Do outro, o clube, quem paga teu salário, quem, no fim das contas, te ajuda a realizar o sonho da seleção. Trabalhar o ano todo para perder a final do campeonato é uma grandíssima sacanagem.
O bom senso deveria imperar. Dante e Luiz Gustavo deveriam jogar a final sábado, e o Bayern ficaria devendo uma para a CBF e para a seleção. É a vontade dos caras e ninguém sairia realmente prejudicado. É o que eu acho. Agora quero saber o que você, amigo leitor, amiga leitora, acha. Qual seria a melhor solução para o caso?
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