Orgulho de voltar para casa. E lá se vão 15 anos...

Foi em um dia 22 de maio de 1998 que percebi que minha vida havia mudado. Entrar naquele prédio da Folha, na rua Barão de Limeira, centro de São Paulo, sempre me deixava com um frio na barriga. Desde os tempos em que eu ia, criancinha, visitar meu irmão. Eu passava pelas máquinas da gráfica e me sentia intimidado, pequenino, irrelevante.

Naquela manhã, era diferente. Crachá do Grupo Folha em mãos, eu entrava para meu primeiro dia de trabalho no UOL. Sim, claro, eu estava terminando o terceiro semestre da faculdade de jornalismo e já havia trabalhado em uma pequena agência, feito coisas aqui e ali. Mas aquilo era mais sério. Era maior. Era para valer. Nem perdi tempo explicando para os meus pais o que era o UOL. Tínhamos instalado Internet em casa umas duas semanas antes, nem isso. Para eles, eu estava começando na Folha. Acho que foi assim até o dia em que eu saí!

O UOL ficava no terceiro andar. Era metade do terceiro andar do prédio da Barão de Limeira, não mais que isso. Havia só um computador para o UOL Esporte, eu tinha que ficar me revezando com o chefe, Régis Andaku. A equipe tinha ele, o grande amigo de ECA, Alonso Vera Junior, eu e outra garota freelancer. Não existia blog, Twitter, Facebook… e a conexão era discada! Sim, a primeira coisa ao chegar no trabalho era ouvir aquele barulho do modem conectando. Lembra-se dele?

Ali, naquele dia, exatos 15 anos atrás, nascia o Julio, jornalista esportivo. O aposto que eu carrego junto ao nome com muito orgulho. Ser jornalista é uma missão que eu abracei e nunca deixarei de abraçar. Ser jornalista é criar um vínculo de confiança com a verdade. Com a pessoa que está te lendo, ouvindo, vendo.

Fiquei cinco anos no UOL. Saí porque achava que tinha que sair. Vivi o que queria viver. Já faz incríveis dez anos. Mas quando eu entro no prédio da Faria Lima, que eu ainda chamo de novo, apesar de o UOL ter se mudado para lá no ano 2000,  é como se eu nunca tivesse ido embora. São amigos, rostos conhecidos, salas parecidas, paredes, elevadores, carpete. A primeira casa nunca deixa de ser a tua casa.

Foi com muita alegria que recebi o convite para voltar, agora como blogueiro. 15 anos depois, nessa enorme coincidência de datas. As rotatórias da Barão de Limeira não me assustam mais. Hoje, me assusto mais com a barrigona linda da minha mulher, pronta para trazer ao mundo a nova razão de nossas vidas. A verdade é que pouca coisa me assusta. Pouco se assusta quem dorme tranquilo por levar a vida de maneira correta, falar sempre o que pensa, sem rabo preso nem interesses escondidos. E eu sei que, nesta casa, poderei continuar sendo transparente e livre como sempre fui.

Tenho muitas coisas para contar a todos você, amigo leitor, amiga leitora. Quero compartilhar experiências e informações, ler a opinião de vocês, responder. O blog deste escriba tem uma nova velha casa. E você aí está mais do que convidado para entrar nela. Aproveite!

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